sábado, 27 de setembro de 2008

O OLHAR QUE SALVA O HOMEM


Os ícones tentam retratar as realidades da fé. Assim é com “A Trindade” de Rublev, um monge e iconógrafo russo que tentou representar, a partir dos traços dos seus desenhos, a mais revolucionária das verdades: Deus é amor que salva o homem.


Não conseguiríamos, se assim o quiséssemos, fazer um comentário completo sobre este ícone, verdadeira obra-prima da espiritualidade católica. No entanto, meu propósito neste breve artigo é fixar alguns dados que, a meu ver, são principais no estudo da obra em questão.


No centro de tudo está um cálice com o Cordeiro Pascal que salva a humanidade. A mesa está posta para todo aquele que quiser se aproximar. Cristo é o único Caminho que leva à Salvação. Ele é o Cordeiro de Deus que salva a humanidade.


É sobre este ponto que quero me deter nesta meditação.


Sem Cristo, não há Salvação, no entanto, à mesa estão o Pai, o Filho e o Espírito. Os três apresentam o Cordeiro. A Obra é conjunta. A Salvação é trinitária. E como é que o ícone apresenta a Salvação?


Vejamos a disposição dos personagens. O Filho, do centro e o Espírito, à direita, se voltam para o personagem da esquerda, que lembra o Pai. Seus olhares se voltam para o Pai, contudo, o Pai, olha para o Filho.


O Pai ama o Filho e O contempla. Seu rosto está voltado contínua e perenemente para o Filho. Seu olhar está sobre o Filho. Por sua vez, o Filho se devolve ao Pai em amor. Contempla-o. Expressa amor no olhar. Se abandona ao Pai neste colóquio terno e doce de amor.


O Pai sempre olha para o Filho. O Filho sempre olha para o Pai. É neste amor que une o Pai e o Filho que o Espírito Santo age no sentido de aplicar aos homens os efeitos salvíficos desse amor do Pai pelo Filho e do Filho pelo Pai.


Olhando perene e constantemente o Filho, o Pai vê a cada um de nós. O Pai vê a humanidade a partir do rosto de Cristo e assim, não encontra em nós, as nossas imperfeições, enxergando a bondade e o caráter de Cristo e apagando tudo no seu infinito amor.


É certo que continuamos, aos olhos de Deus, com as nossas feições, contudo, a nossa essência divina, a centelha de amor, a imagem de Cristo em nós é o que nos define diante do Pai, é a nossa digital divina. Quanto mais nos identificamos com Cristo mais e mais nos sentimos envolvidos de amor de Deus.


Essa obra não é fruto da vontade ou esforço humano. É a própria Obra da Salvação. Cristo dá a Sua Vida para nos cobrir. O olhar de Cristo, a face de Cristo, o amor de Cristo é o que nos dá as condições para nos aproximarmos do Pai e estarmos diante Dele.


Diante do Pai somos perfeitos, independente dos nossos pecados. O amor do Pai cobre nossos pecados e Ele contempla Cristo, o Filho, em nós. Aquilo que nos falta para ser santos, Cristo, em Sua infinita misericórdia, completa.


Até Satanás se inclina diante de nós, uma vez que expressamos a face de Cristo.


Quando é que a pessoa perde a Salvação, isto é, deixa de transparecer Cristo? Quando, livre e conscientemente, se afasta do perdão e da misericórdia de Deus. Deixa de reconhecer as próprias faltas e odiar o próprio pecado.


A Salvação é gratuita. É Cristo quem age em nós, aplicando os efeitos da Cruz, isto é, emprestando-nos Seu Caráter e nos preenchendo com Seu amor.


Não existe pecado, não existe situação que o Cristo não possa atingir com Seu olhar de amor e misericórdia.


Que o Espírito Santo nos guie constantemente na Busca dessas verdades.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

CAMINHO PARA A UNIÃO COM DEUS


Antes de ler esta meditação tenha em mãos o Evangelho de João capítulo quinze, versículos primeiro a dezessete.
Meditar as palavras de Jesus contidas nestes versículos é tarefa árdua, não tanto pela complexidade das palavras e sim, pela riqueza de conteúdo e amplitude do campo de reflexão ao qual o Senhor nos convida a meditar. Gostaria de percorrer este caminho sinalizando três passos que podemos dar, se quisermos viver a Palavra de Deus.

O primeiro passo está contido no versículo quinto: “Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer.”
Deus nos chama a uma vida de profunda intimidade. Entender esse “como” que Jesus nos fala exige-nos uma volta à doutrina espiritual de São João da Cruz. Para esse místico, grande mestre da vida de oração, Deus habita o mais profundo centro da nossa alma e a intimidade profunda com Deus acontece quando O encontramos dentro de nós mesmos. Ser íntimo de Deus não é estar ao lado Dele mas, é encontrá-lo em nós. Jesus nos apresenta o outro lado desta verdade: “Aquele que permanece em mim, como eu nele...”. Para Jesus, a intimidade com Deus só é possível quando entramos no Coração de Deus e aí permanecemos, do mesmo modo como o Pai entra e permanece em nosso coração.
Não basta ter fé, fazer algumas orações, cumprir os principais mandamentos da Igreja e da Lei de Deus; o que o Pai espera de nós é intimidade e, para isso, precisamos estar no Coração de Deus; estar dentro de Deus; viver unido a Ele, tal qual a esposa com o marido no ato sexual; profundamente ligados, unidos, abandonados, despojados diante de Deus.
Do mesmo jeito como Deus está em nós, eu e você precisamos estar Nele; dentro Dele.

Essa ligação amorosa nos leva a viver o segundo passo do caminho cristão expresso no versículo quinze: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai”.
O homem espiritual vive como amigo do Senhor, isto é, conhece o Coração do Senhor. O que é que nos torna amigos de Jesus: a experiência que fazemos da Palavra de Deus “vós já estais limpos por causa da palavra que vos falei” (João 15,3). Jesus nos vai revelando a vontade de Deus, o Coração do Pai e o Seu grande amor por nós e é, exatamente isto, que nos leva a ser seus amigos. É impossível a alguém que verdadeiramente se aproxima de Jesus não encontrar o seu prazer na observância da vontade de Deus. Não há outra maneira de ser amigo de Jesus a não ser esta. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra”.(João 14,23 a).

Todo aquele que se aproxima de Jesus e se torna seu amigo, passa a conhecer e obedecer à Palavra de Deus. Não há outro meio. Vivendo assim, passaremos ao terceiro degrau dessa caminhada cristã. “Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.”(João 15,8). A intimidade com Jesus, nos revela a vontade de Deus e nos excita a vivê-la em sua radicalidade. Este é o único meio de ser discípulo de Cristo e assim, glorificarmos ao Pai com os frutos que produziremos através da vivência da Palavra do Senhor.
Que o Cristo nos ensine a dar esses passos da fé e Maria nos ajude a não vacilar jamais.

domingo, 31 de agosto de 2008

O CAMINHO DE JESUS E DOS DISCÍPULOS


I – A VOCAÇÃO DE JEREMIAS

O profeta Jeremias, na primeira leitura de hoje, revela-nos a situação de sua vida: Ele foi seduzido por Deus. Violentamente, Deus o seduziu e ele não conseguiu resistir.
É uma acusação dura que o profeta dirige a Deus. Deus veio e seduziu o profeta. Seria mais ou menos como a jovem inexperiente que não se sente em condições de resistir às insinuações do rapaz. Pelo tom do profeta, parece que Deus agiu de má fé Jeremias. Chamou-o, levou-lhe a assumir uma missão árdua, difícil, e agora, o profeta se encontra numa situação dificílima. Ele anunciou a palavra e “a palavra do Senhor tornou-se [...]fonte de vergonha e de chacota o dia inteiro.”
O anúncio profético traz perseguições e sofrimento ao profeta e agora, ele se vê em crise. O profeta é alvo da violência e da opressão que denuncia e isso lhe é muito caro.
Porém, Jeremias não acusa apenas. Ele proclama as maravilhas que a Palavra realiza nele. “Senti, então, dentro de mim um fogo ardente a penetrar-me o corpo todo: desfaleci, sem forças para suportar.”Uma força maior o invade, o impele por isso, clama, acusa e confia.
Clama a Deus. Acusa-lhe de ter-lhe seduzido. Confia no Senhor que o chamou.
O amor de Deus chama o profeta e lhe confia uma missão. Esta experiência é tão profunda que o profeta não consegue resistir. Ele se decide e vai em missão. Com sua vida anuncia a palavra do Senhor que é, em contrapartida, denúncia de toda opressão e injustiça praticada pelos poderosos, muitas vezes, até em nome de Deus. Sua vida é profundo anúncio da Palavra, por isso mesmo, sofre, em sua pele, os efeitos do mesmo anúncio. A perseguição é o resultado direto do seu compromisso com a causa de Ihwheh. Isso traduz o que Jesus diz no Evangelho: "Basta ao discípulo ser tratado como seu mestre, e ao servidor como seu patrão. Se chamaram de Beelzebul ao pai de família, quanto mais o farão às pessoas de sua casa!" (Mt 10,25)
O discípulo se identifica com o mestre pelos efeitos da pregação em sua própria vida, a saber: perseguições, dores e sofrimentos por causa da palavra anunciada e das injustiças denunciadas.
Mas, ao final de tudo, a confiança no Senhor faz com que o profeta continue firme em seu propósito e perseverança.

II – O VERDADEIRO CULTO

Em continuidade com o texto de Jeremias, São Paulo nos vem revelar qual é o verdadeiro culto que agrada a Deus. Por causa da grande misericórdia, do grande amor de Deus, o cristão é convidado a oferecer-se a Deus. Só consegue se doar, quem está verdadeiramente livre. O desapego é fundamental para o cumprimento da missão. "Porque, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a sua vida por amor de mim, salvá-la-á". (Lc 9,24). Somente quem está livre, no amor de Deus, pode doar-se livremente, por amor a Deus e ao Seu povo e por causa desse amor manifestado a nós.
“Como agradecer ao amor de Deus? No Antigo Testamento, de modo geral, a gratidão manifestava-se por meio dos sacrifícios (animais) oferecidos a Deus. A grande novidade que Paulo introduz é esta: não mais sacrifícios externos, mas o nosso corpo é o sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Esse é o culto espiritual dos cristãos. O corpo humano é o centro das relações com Deus, com as pessoas, com as coisas... desaparece o antigo culto, baseado no templo, sacrifícios e sacerdócio. Cada cristão é, ao mesmo tempo, sacerdote, oferta e templo, oferecendo-se a si próprio como único sacrifício que Deus aceita... Esta é a grande meta do ser cristão... ser cristão é não se conformar com os modelos deste mundo”(REVISTA VIDA PASTORAL,n 261).

III – JESUS, NOSSO MODELO

Para ser como Jesus, e doar-se livremente pelo Reino de Deus, é preciso assumir a Palavra com todas as suas conseqüências, penhorando o próprio corpo como verdadeiro lugar do culto, do sacrifício, mudando a própria mentalidade.
Sem essa mudança de mentalidade não há como assumir o projeto de Deus. É sob esta ótica que podemos compreender a repreensão de Jesus a Pedro: "Mas, voltando-se ele, olhou para os seus discípulos e repreendeu a Pedro: "Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!" (Mt 16,23).
Domingo passado, no início deste episódio, que Mateus narra, Pedro reconheceu Jesus como o Filho do Deus Vivo e recebeu a missão de apascentar a Igreja nascente. Hoje, Jesus repreende Pedro, pois, ele revela que seu pensamento é igual ao pensamento do mundo. Pedro quer que Jesus seja conforme seus pensamentos e, no entanto, somos nós, que devemos nos tornar semelhantes a Jesus.
Somente quem perde sua vida, a encontra. Perder a vida por causa de Deus, do Evangelho, dos irmãos, é a única maneira de salvá-la. No Reino de Deus, somente quem perde, se torna ganhador.
O verdadeiro cristão é aquele que se compromete completamente com o Reino de Deus, assume os pensamentos do Senhor e segue o mesmo caminho de Jesus que é o caminho da cruz, da perseguição por causa da palavra, da morte para obter a ressurreição.
Somente alcançará o Reino de Deus quem, com a própria vida e com o auxílio da graça de Deus, resistir aos poderes da morte e assim, seguir firme no anúncio do Reino, acreditando na novidade da Ressurreição.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

ALMA ESPONSAL



1 INTRODUÇÃO


Deus nos ama e nos quer junto a Si. Ele sonha conosco e, juntamente conosco, quer se entreter e alegrar-se, demonstrando o amor, a amizade e nos fazendo desfrutar da sua companhia, tal qual um amigo que, por amar, deixa-se ficar ao lado do outro, somente para alegrar-lhe e compartilhar do tempo, do momento e da vida.

Todo o ser de Deus está voltado à esta experiência de comunhão com o homem e com a mulher. A Obra da Criação tem, por vocação, ser expressão dessa alegria do Senhor com a pessoa humana criada, e se torna, para o homem, como que o presente do Criador, fruto do seu amor eterno e esponsal.

O sinal visível e supremo desse colóquio amoroso de Deus com a humanidade se dá em Jesus Cristo. Ele é a resposta para o drama do pecado e a certeza da vitória. No Filho de Deus Encarnado, o Pai recria toda a Sua Obra e realiza a redenção do gênero humano, adotando-nos como filhos seus e nos tornando participantes da Sua natureza divina, experimentando, Ele mesmo, em Si, a nossa humanidade.

A partir desse momento, a vida do homem na terra será marcada por essa experiência de um Deus que amou tanto o mundo, que preferiu pagar a nossa pena, a ter que nos perder eternamente (cf. João 3,16).

Deus ama o homem e se entretém com este, como dois amigos que se amam e, se realizam, justamente no ato de amar gratuitamente. Este é um mistério muito grande, saber que Ele – sendo o Senhor – não leva em consideração as nossas faltas, mas, com infinito e eterno amor, nos acolhe em Seu coração, justamente para nos purificar e transformar nesta atitude de acolhimento, perdão e misericórdia.

Deus e o homem vivem uma experiência profunda de amizade e troca. Nesse intercâmbio de vidas que se doam, se querem e se acolhem, nasce o homem novo e a mulher nova, cidadãos do Céu, dispostos de dar tudo para fazer a vontade do Senhor, a saber, implantar o Reino de Deus neste mundo.

O homem só é feliz quando vive esta experiência de amor profundo, intenso e real. Somente assim, estará apto a responder com generosidade aos apelos e inspirações de quem lhe ama e lhe chama.


2 EU SOU DO MEU AMADO E O MEU AMADO É MEU


Cântico dos Cânticos ou Cantares de Salomão é, sem dúvida, um dos livros mais belos da Bíblia e da humanidade, por outro lado, é, também, um dos livros-alvo de interpretações diversas.

Dentre todas as visões relacionadas a ele, uma que nos interessa muito neste artigo é aquela que apresenta a moça do Cântico como a Igreja, o Povo de Deus, a alma humana, e o homem como sendo o próprio Deus. Teríamos, então, um hino ao amor de Deus por Seu povo, Sua Igreja, por cada um de nós, individualmente.

É sob esta ótica, que queremos refletir, de ora em diante, nesta reflexão.

No capítulo sexto do Cântico dos Cânticos, versos segundo e terceiros, lemos:


Meu amado desceu ao seu jardim,
ao canteiro dos aromas,
para apascentar nos jardins
e colher os lírios.
Eu sou para o meu amado
e meu amado é para mim,
ele que apascenta entre os lírios.


“Eu sou do meu amado e o meu amado é meu!”. Somente quando se proclama com o coração esta verdade bíblica, é que se tem a certeza de estar seguindo na direção certa rumo ao Senhor Jesus.

Homens e mulheres, jovens, crianças e anciãos precisam aceitar e assumir a verdade de que são chamados, desde toda a eternidade, para ser alma-esposa do Cordeiro de Deus. Esta é a nossa mais alta vocação e pode ser traduzida como habitar eternamente no Céu, pois, habitar no Céu não é outra coisa, senão, deixar-se amar de tal modo por Deus, que não se queira outra coisa, a não ser Ele em nossa vida.

Deus é meu e Eu sou de Deus! Aqui está o cerne de toda a doutrina de São João da Cruz. Deus e eu mantemos um intercâmbio profundo de amor, temos em comum, uma linda história sendo construída. A vida é o desenrolar desse enlace amoroso que irá culminar no Paraíso Celeste, quando cruzarmos os rios, em Sua direção. João da Cruz vai dizer que, a morte não é outra coisa senão a explosão de amor da alma por Deus. O amor é tão forte que a pessoa não agüenta e rompe a tela dos sentidos e parte ao encontro do objeto do Seu amor.

Deus é meu e eu sou de Deus!

Como se pode entender esta afirmação? Quando se usa o pronome possessivo “meu” não se pretende induzir à idéia de posse de Deus. Ele não está preso a nada e a ninguém. “Deus é meu” deve ser entendido de outra forma.

Ao ouvirmos o marido se referindo à sua esposa como “minha mulher”, julgamos estar correta esta sentença, embora, saibamos bem que a esposa não é “propriedade” ou “objeto de uso particular” do marido. No mesmo sentido, compreendemos o sentido das expressões “meu filho, meu pai, meu amigo”.

É próprio do amor, o doar-se. O amor que é amor se dá por completo, não reserva nada para si. Amar é gastar-se, para doar-se por inteiro.

O marido e a esposa se entregam mutuamente e geram filhos através dessa entrega. A mãe se dá tanto ao filho, que é capaz de perder um dos seus membros, só para salvar-lhe a vida. O amigo gasta tudo o que tem, no intuito de tornar o outro feliz.

Em todo relacionamento de amor há formas diversas de doação, mas, o princípio é o mesmo: entregar-se.

O verdadeiro amor implica entregar-se por completo.

A partir desses exemplos, podemos voltar à análise da verdade anunciada: “Deus é meu!”.
Deus se entrega a mim inteiramente. Ele se dá todo a mim, é por isso que, quando comungo, recebo Jesus por inteiro, independente do tamanho da partícula consagrada.

Para cada pessoa que O ama, o Senhor se dá por completo. Assim, a alma pode dizer com toda a certeza: Deus é meu! Ela faz a experiência de ter Deus dentro de Si, de sentir-se envolvida por Ele de tal forma, que pode gritar: Deus é meu!

Do mesmo jeito que o marido pode gritar “minha mulher” e o namorado “minha namorada” a experiência do amor de Deus é tão intensa, que nos sentimos únicos diante Dele.

Deus se revela tão próximo que O sentimos TODO em nós.

Esta experiência desemboca na nossa própria entrega. Nos devolvemos àquele que nos amou primeiro (cf. 1Jo 4,19) e dizemos: “Eu Sou do Meu Amado”.

Deus e eu. Deus Meu e Meu Deus. Ele se dá todo a mim e permanece sendo o que É. Eu me dou todo a Ele, sem alterar-me e Ele, aos poucos, vai me transformando a tal ponto, que as pessoas começam a perceber Deus em mim e Eu em Deus.

Quanto mais me entrego ao Senhor, mais vou me purificando e me tornando parecido com Ele.


3 DEUS ME DESEJA


Ainda lendo o Cântico dos Cânticos, encontramos o seguinte, no capítulo sétimo, verso onze: “Eu sou para meu amado e seu desejo é para mim”.

Deus me deseja. Ele quer estar comigo, privar da minha companhia, ser o meu amor, meu amigo, meu abrigo e arrimo. É por isso que devo me disciplinar na oração, na busca do Sacramentos e na vivência do amor. Ele quer estar sempre comigo. Ele me deseja.

São Paulo compara o amor do marido para com sua esposa ao amor de Cristo para com a Igreja (cf. Ef 5,25). Muito mais intimamente, do que o marido com a mulher no ato sexual, assim é a união da alma com o Senhor. Muito mais gratificante do que o prazer sexual é o sabor do amor de Deus, é por isso que o salmista diz: "Porque vós sois o meu apoio, exulto de alegria, à sombra de vossas asas". (Sl 62,8)

Deus se une a nós de forma tão intensa e íntima que vai gerando em nós a vida na graça, a vida no espírito, o Céu.

Eu não sou apenas mais um na lista do Senhor. Ele não me vê como um número na multidão. Ele me conhece. Sabe tudo de mim e me deseja, me espera, quer estar comigo, me chama incessantemente e, com os gestos nascidos da gratuidade do seu amor, vai me seduzindo e me atraindo a Si.

Deus tem mais sede de mim, do que eu tenho Dele. Ele me quer. Mas esse querer não é egoísta. Deus não quer me prender consigo, pelo contrário, seu desejo é me fazer livre de tudo o que me prende, oprime, me impede de ser feliz e realizado.

Ele quer ter-me consigo para me fazer feliz.

Do mesmo modo que o homem se sente atraído à sua mulher. Assim é Deus para comigo. Ele se sente inclinado a me amar e, quanto mais vou experimentando esse Seu amor, mais vou me sentindo atraído por Ele, a ponto de ir deixando tudo o que é velho a fim de, ir assumindo a novidade da Sua vida em mim.


4 CONCLUSÃO


Deus é meu e eu sou Dele! Mantemos um intercâmbio íntimo de amor. Nos desejamos mutuamente. Ele a mim, mais do que eu a Ele.

Quanto mais eu me deixo atrair por Deus, mais e mais minha alma vai se acostumando com o gosto do Céu e vai se deixando conduzir para os átrios do Senhor. Essa é uma graça da transformação que o amor de Deus vai operando em mim quando me deixo envolver por seus abraços de amor que me curam e me libertam de todas as cadeias.

Longe de me tornar prisioneiro, os gestos amorosos do Senhor, dignificam a minha alma e me tornam livre diante de todas as coisas criadas e assim, vou me tornando feliz, máximo objetivo de Deus ao vir a mim, para me amar.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A CONVERSÃO DO CARCEREIRO


“Naqueles dias, 22a multidão dos filipenses levantou-se contra Paulo e Silas; e os magistrados, depois de lhes rasgarem as vestes, mandaram açoitar os dois com varas. 23Depois de açoitá-los bastante, lançaram-nos na prisão, ordenando ao carcereiro que os guardasse com toda a segurança. 24Ao receber essa ordem, o carcereiro levou-os para o fundo da prisão e prendeu os pés deles no tronco. 25À meia-noite, Paulo e Silas estavam rezando e cantando hinos a Deus. Os outros prisioneiros os escutavam. 26De repente, houve um terremoto tão violento que sacudiu os alicerces da prisão. Todas as portas se abriram e as correntes de todos se soltaram. 27O carcereiro acordou e viu as portas da prisão abertas. Pensando que os prisioneiros tivessem fugido, puxou da espada e estava para suicidar-se. 28Mas Paulo gritou com voz forte: "Não te faças mal algum! Nós estamos todos aqui".29Então o carcereiro pediu tochas, correu para dentro e, tremendo, caiu aos pés de Paulo e Silas. 30Conduzindo-os para fora, perguntou: "Senhores, que devo fazer para ser salvo?" 31Paulo e Silas responderam: "Crê no Senhor Jesus, e sereis salvos tu e todos os de tua família".32Então Paulo e Silas anunciaram a Palavra do Senhor ao carcereiro e a todos os de sua família. 33Na mesma noite, o carcereiro levou-os consigo para lavar as feridas causadas pelos açoites. E, imediatamente, foi batizado junto com todos os seus familiares. 34Depois fez Paulo e Silas subirem até sua casa, preparou-lhes um jantar e alegrou-se com todos os seus familiares por ter acreditado em Deus.”(Atos 16)

PAULO E SILAS

Paulo, todos conhecemos. De grande perseguidor dos cristãos, se tornará um dos maiores evangelizadores de todos os tempos. Autor da maior parte dos escritos do Novo Testamento, testemunha incansável de Jesus Cristo.
Silas é seu companheiro de missão. Os dois seguem, por ordenança divina, pregando o Evangelho da Salvação a todos os homens e mulheres e anunciando que Cristo Ressuscitou. Isto provocará a ira dos judeus e dos gregos. Para os judeus, era inadmissível aceitar que Jesus de Nazaré fosse o Messias, o Enviado. A hesitação dos gregos é no tocante à Ressurreição.
Eles até aceitariam de bom grado que Cristo fosse um “deus” mas, acreditar que Ele havia Ressuscitado depois de morrer em uma Cruz era um atentado à toda tradição filosófica grega.
Como aceitar que um “deus” morra numa Cruz? Como aceitar que um morto possa voltar a viver? Paulo irá dizer da sua Missão: “Mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos...”(1Cor 1,23)
Os romanos, conhecidos pela sua tolerância religiosa, vê o cristianismo com indiferença, haja vista o modo de viver cristão que contradiz objetivamente, sua própria forma de viver.

A SITUAÇÃO

Paulo e Silas estão em Filipos, uma importante cidade da Macedônia e lá, começam a pregar o Evangelho. Durante sua estadia nesta cidade, chega uma jovem que é possuída por um espírito de adivinhação. Esta jovem era usada pelos seus amos como fonte de lucro. As pessoas iam até ela, e após receberem suas previsões, pagavam-lhe pelos serviços prestados.
Ela começa a acompanhar Paulo e Silas gritando: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo, que vos anunciam o caminho da salvação.”(At. 16,17). Esta era uma verdade, porém, não provinha de Deus e sim, do espírito que estava na jovem, isto é, do diabo. Toda proclamação que não provém do Senhor, causa mal e, por isso, Paulo ordena ao espírito que saia da jovem: “Repetiu isto por muitos dias. Por fim, Paulo enfadou-se. Voltou-se para ela e disse ao espírito: Ordeno-te em nome de Jesus Cristo que saias dela. E na mesma hora ele saiu.”(At 16,18) Como nada pode resistir a uma ordem dada em Nome de Jesus, o espírito de adivinhação, ao ser interpelado Em O Nome de Jesus, imediatamente sai da jovem. Isso seria motivo de júbilo, se não fosse o interesse comercial por trás da situação da moça.
Aqui acontece o mesmo que a Jesus, quando expulsou os demônios e os mandou para os porcos, sendo, em seguida, expulso da região por causa dos criadores de porcos que se sentiram prejudicados com a ação do Mestre.
Os proprietários da escrava, vendo que sua fonte de lucro se extinguira, agarraram Paulo e Silas e os levaram até às autoridades e disseram: “... pregam um modo de vida que nós, romanos, não podemos admitir nem seguir.” (At. 16,21)
A vida humana estava, nesta cultura, abaixo do poder econômico. A pessoa valia pelo que produzia. Em Nome de Jesus, a libertação foi proclamada e realizada, mas os donos do poder, se sentiram incomodados e mandaram açoitar e prender os dois missionários.

O GUARDA E SEUS MEDOS

Os presos são vigiados constantemente por um guarda. Este tem a missão de impedir que a população assassine os homens ou que estes fujam durante a noite.
Mas aconteceu o inesperado.
“25À meia-noite, Paulo e Silas estavam rezando e cantando hinos a Deus. Os outros prisioneiros os escutavam. 26De repente, houve um terremoto tão violento que sacudiu os alicerces da prisão. Todas as portas se abriram e as correntes de todos se soltaram. 27O carcereiro acordou e viu as portas da prisão abertas. Pensando que os prisioneiros tivessem fugido, puxou da espada e estava para suicidar-se.”(At 16)
Por que o guarda pensou em suicidar-se? Por medo da punição romana. O Direito Romano dizia que, se um guarda deixar o preso fugir, irá assumir a punição do preso que fugiu.
Quando o homem entra na cela e vê as correntes, que amarravam os presos, soltas pelo chão, pensa imediatamente que estes haviam escapado durante o terremoto. Não lhe resta, humanamente falando, outra alternativa. Sua vida chegara a um ponto tal, que não via saída para sua situação.
A vida tem dessas coisas. De repente, tudo desmorona a nossos pés e não vemos mais a luz, a saída para nossas situações. Nestes momentos devemos recorrer ao Poder do Senhor que sempre nos oferece uma saída. A saída é sempre Jesus.
Quando está tomando a espada para suicidar-se, Paulo grita: “28Mas Paulo gritou com voz forte: "Não te faças mal algum! Nós estamos todos aqui".
Se analisarmos a situação, chegaremos à constatação de que, toda a cena descrita em Atos 16,22-34 tem o único objetivo de salvar a vida do carcereiro.
Paulo era cidadão romano, e noutro momento, havia invocado o direito da cidadania romana para livrar-se da prisão. Aqui, isto não acontece. Paulo, conhecendo o coração de Deus, vai até o fim. Deixa-se levar até à prisão, e, ao invés de reclamar ou murmurar, está invocando o poder e a força de Deus, através da oração do louvor. E assim, o caminho do coração do homem fica aberto para Deus.
“29Então o carcereiro pediu tochas, correu para dentro e, tremendo, caiu aos pés de Paulo e Silas. 30Conduzindo-os para fora, perguntou: "Senhores, que devo fazer para ser salvo?" 31Paulo e Silas responderam: "Crê no Senhor Jesus, e sereis salvos tu e todos os de tua família".”
O homem estava com medo da humilhação e da morte. Se os prisioneiros tivessem fugido mesmo, o que seria da sua vida?
Mas os prisioneiros estão no mesmo lugar de antes e o poder de Deus é evidenciado. O Senhor havia quebrado os grilhões com o único objetivo de liberta-lo (ao carcereiro) do seu pecado e da condenação.
A situação provoca o desejo da Salvação e, reconhecendo a força do alto, Ele cai aos pés de Paulo e Silas e lhes pede instruções para ser salvo.
Seu medo foi transformado em Salvação.
Interessante notar que, ao aceitar o Senhor Jesus, Ele não tem mais medo das autoridades a tal ponto de conduzir Paulo para fora da prisão e depois, até à sua própria casa: “ 34Depois fez Paulo e Silas subirem até sua casa, preparou-lhes um jantar e alegrou-se com todos os seus familiares por ter acreditado em Deus.”(Atos 16)
Nosso Deus é muito bom e, por causa de um só pecador, Ele é capaz das maiores proezas, somente para salvar o homem. E quando experimentamos esse amor, não tememos as feras, as prisões e punições, mas, nos abandonamos à ação do Senhor.
O carcereiro encontrou o poder de Deus e se converteu. A Salvação vem a nós sempre, basta reconhecermos o Senhor e nos deixarmos envolver por Seu amor e Seu poder.

terça-feira, 22 de abril de 2008

A GRAÇA DE DEUS


Algo misterioso, um tanto escondido em algum lugar da nossa alma, ou então, desobedecendo as leis da natureza e nos revelando uma força poderosa. Isso é a graça de Deus.
O que é a Graça? Para que serve? Como obtê-la?
Essas são as perguntas básicas de quem se propõe a crescer na vida espiritual.
Em primeiro lugar, é preciso entender que Jesus é a fonte de toda graça e de toda bênção. Nele, e por Ele, é que fomos abençoados: "Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo." (Ef 1,3)
Há muito a se falar sobre a Graça, mas o nosso espaço não nos permite um aprofundamento longo sobre este tema, assim, irei enfocar os elementos principais da mesma, para que possamos aproveitar mais desse ensinamento do Senhor..
O ponto de partida da nossa reflexão se dará a partir da seguinte afirmação:

* A GRAÇA É TUDO AQUILO QUE DEUS, DE FORMA GRATUITA, NOS DÁ, EM VISTA DA NOSSA SALVAÇÃO.

Tudo em nossa vida converge para Cristo. "Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades: tudo foi criado por ele e para ele". (Cl 1,16) e ainda: "...para realizá-lo na plenitude dos tempos - desígnio de reunir em Cristo todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra". (Ef 1,10).
Por que Deus nos criou? Por que nos ama. Para que Deus nos criou? Para nos dar a Seu Filho, fonte de nossa felicidade. Somos o presente do Pai para Jesus. A razão da nossa vida é servir e amar livremente a Jesus Cristo.
O mundo nos ensina que esta vida vale por si mesma e você deve fazer tudo o que puder se quiser ser feliz. Esta é a mentalidade do mundo e, infelizmente, está impregnada no pensamento de muitos cristãos.
Ora, achar que essa vida vale por si mesma, que o fim da vida é a morte é reduzir muito o seu valor e o seu sentido. A vida não acaba com a morte, ela continua e a felicidade verdadeira não é usufruir dela ao máximo e sim, fazer a vontade de Deus, em Jesus Cristo.
Cristo é necessário para nós. A Salvação é necessária para nossa felicidade.
E o que é a Salvação? É experimentar o amor de Deus em Jesus Cristo de tal forma que, arda em nós, o desejo de viver como Ele viveu, fazer o que Ele ensinou, amar como ele amou.
Somente em Cristo, o homem perfeito, o homem encontra a profunda expressão do seu ser e os meios para ser feliz. Cristo revela o homem ao próprio homem (cf. C.I.C. 2783). Em Jesus, e Somente Nele, encontramos o sentido da vida e a força para seguir o caminho e encontrar a razão, a felicidade e a paz.
A partir dessa verdade, fica fácil compreender esta lei espiritual: Tudo o que Deus nos dá, Tudo o que Deus nos permite, Tudo o que nos acontece, serve – nas mãos de Deus – para nos devolver a Cristo, para abrir o nosso coração para Cristo.

* A GRAÇA DE DEUS É O CAMINHO QUE ELE MESMO TRAÇA PARA NÓS, A FIM DE QUE SEJAMOS SANTOS.

Não existe um destino pronto e acabado mas, existe a vontade de Deus e o seu plano de amor para cada um de nós.
Desde que nascemos, recebemos de Deus o seu amor e o mapa do seu caminho para nós. Isso se chama vocação.
Temos uma vocação divina, que nos leva a fazer a vontade de Deus e assim, sermos felizes.
O homem, portanto, só é feliz, quando segue a vontade do Senhor.
Alguém, então, poderia se questionar: mas se Deus nos ama tanto, porque então Ele quer que façamos a Sua vontade? A resposta é: justamente por que nos ama e sabe o que é melhor para nós.
O homem só preenche as mais profundas áreas do seu ser, quando segue pelas veredas do Seu Criador.
Contudo, Deus nos deu a liberdade e nos respeita. A liberdade é o seu dom mais sublime.
Ele nos procura, nos acompanha, quer nos fazer felizes, porém, respeita a nossa decisão.
Deus nunca nos abandona. Nos acompanha até à hora da nossa morte, torcendo que nos decidamos por Ele, porém, nunca nos força.
Contudo, sua graça age em tudo o que nos acontece, no sentido de nos ajudar a enxergar a fonte de felicidade e vida que é Ele mesmo e assim, encontrarmos a Salvação.

* SÓ SEREMOS SANTOS QUANDO SEGUIRMOS OS PLANOS DO SENHOR

Ninguém consegue se salvar sozinho. Não existe pecador que Deus não possa perdoar e não existe santo que não necessite da graça de Deus.
Todos somos carentes do Seu amor e da Sua graça e somente seguindo os seus passos é que conseguiremos chegar ao estado da santidade.
Somente vivendo aquilo que Deus traçou para nós, quer seja no matrimônio, quer no sacerdócio, quer como solteiros, é que conseguiremos chegar à santidade perfeita.
Para aquele que erra o caminho, Deus sempre concede uma nova chance mas, a a felicidade plena só está quando se segue o caminho original que Deus preparou para nós.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

CHAMA VIVA DE AMOR


Estamos nos preparando para a NOVENA DE PENTECOSTES on-line. Para ajudar em nossa preparação espiritual, publico trechos da poesia CHAMA VIVA DE AMOR de São João da Cruz.


Oh, chama viva de amor

que ternamente feres

de minha alma no mais profundo centro!

Pois nao és mais esquiva,

acaba já, se queres.

Ah, rompe a tela deste doce encontro!


Oh, quão manso e amoroso,

despertas em meu seio,

onde tu só secretamente moras:

nesse aspirar gostoso,

de bens e glória cheio,

quão delicadamente me enamoras!

Chama VIVA DE AMOR

Oh, chama viva de amor que ternamente feres de minha alma no mais profundo centro! Pois nao és mais esquiva, acaba já, se queres। Ah, rompe a tela deste doce encontro! ... Oh, quão manso e

AMOR

oso, despertas em meu seio, onde tu só secretamente moras: nesse aspirar gostoso, de bens e glória cheio, quão delicadamente me enAMOR


as! (São João da Cruz - Chama Viva de Amor)
Finda o mês de janeiro e é difícil manter o coração sossegado diante da nova realidade... as obrigações que se apresentam, a família que espera, os amigos que perguntam... contudo, olho ao meu redor e tudo é muito nebuloso. Sinto-me perdida e com medo de tudo o que acontece.
Uno minha dor a daqueles que buscam empregos e nao vêem perspectiva porque não se sentem capazes... formada em comunicação pela "UFRJ", também olho ao meu redor e nada vejo ao meu alcance, somente a possibilidade de orar e Nele esperar que esta tempestade dos sentidos passe...
Misericórdia, Senhor...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

ACOLHER COMO JESUS ACOLHE


O Evangelho de João nos dá uma regra de vida preciosa: “Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros.”(João 13,34)
Como viver isso, na prática? Como amar as pessoas do jeito que Jesus nos amou? Jesus nos amou até o extremo. Foi até à Cruz para nos resgatar e nos lavar de toda iniqüidade. Deu a Sua Vida por amor, por ser nosso amigo: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.”(João 15,13) é desse jeito que devemos amar os nossos irmãos e irmãs que estão ao nosso lado. Isto é, precisamos amar acolhendo, ajudando, amparando, perdoando, dando tudo de nós para que os irmãos tenha vida em plenitude: “O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância.”(João 10,10).
Para entendermos o amor que precisamos dispensar ao próximo, devemos nos valer da figura do pastor que é retratada no livro de Ezequiel.
O que é que o pastor faz?
“A ovelha perdida eu a procurarei; a desgarrada, eu a reconduzirei; a ferida, eu a curarei; a doente, eu a restabelecerei, e velarei sobre a que estiver gorda e vigorosa. Apascentá-las-ei todas com justiça.”(Ez. 34,16).
Jesus é esse bom pastor que dá a vida pelas ovelhas. Ele deixa as noventa e nove no aprisco e vai em busca daquela que se perdeu e faz festa quando a encontra sã e salva. Ele é o pastor que nos conduz (Sl. 22) por, isso, nada pode nos faltar.
Somos, nós também, convidados a participar do ministério de Jesus. E isso não significa apenas orar ou fazer as coisas certas. Participar do ministério de Jesus vai muito mais além do que seguir ou ensinar regras morais. É amar o próximo como Jesus ama, é ser canal do amor de Deus para as pessoas, é estender os braços e o coração para que Deus possa se utilizar de nós no sentido de amparar e socorrer os Seus filhos.
E existe uma atitude que é fundamental para quem quer participar desse ministério. É a atitude do acolhimento. Tão necessária para a Igreja e, talvez por isso mesmo, uma grande lacuna no nosso meio eclesial.
Para refletir sobre este ponto, devemos partir do pressuposto de que não sabemos acolher. Falamos bonito, nossa pregação até convence as pessoas, oramos por cura, aconselhamos, exortamos e tantas outras coisas, mas, quando se trata de acolher as pessoas do mesmo jeito que Jesus acolhia, “a coisa” muda de figura.
Cada pessoa é diferente e vem a nós com carências, problemas e necessidades diferentes. E é dessa forma que devemos conviver. A tentativa de uniformizar todos os membros dos grupos é o que tem gerado tanta violência, discriminação e exclusão ao longo da história. As atitudes de intolerância nascem da atitude de não-aceitação do outro como ele é, com sua história, com seus problemas e aspirações.
Uns são problemáticos, vivem reclamando de tudo, gerando confusão e causando desordem. Outros são tímidos, apáticos, distraídos, não contribuem com o grupo. Alguns ficam do lado dos líderes, são os que levam adiante os projetos e levantam as bandeiras. Outros são pessoas boas só que, com atitudes pecaminosas que os expõem publicamente.
Não dá para criar uma única categoria para nosso convívio eclesial. Precisamos ser abertos a todos, para acolher, amar, tolerar, suportar os outros. Aliás, é exatamente isto o que nos diz São Paulo: “Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixa contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós.”(Col. 3,13)
É certo que, existem pessoas que até preferiríamos que se afastassem do nosso convívio. Elas dão trabalho e nos causam dor e sofrimento. Mas, é preciso lembrar que o Filho de Deus não fugiu da Cruz. Tais pessoas fazem parte da Cruz que precisamos carregar e são como que uma ponte que nos conduz até o Coração de Deus. Elas estão na nossa vida com a missão de nos provar e nos purificar para que possamos estar aptos para servir ao Senhor.
Devemos acolher a todos, sem distinção, sem exceção.
Outra coisa importante a refletir: Jesus acolhia a todos, amava as pessoas e só depois de amar intensamente é que dava regras morais para elas. Nós, quase sempre, fazemos o contrário. É por isso que, talvez, não consigamos êxito em nosso trabalho. Impomos um fardo muito grande nas pessoas que se aproximam dos nossos grupos e do nosso convívio. Exigimos listas de coisas, como se a santidade fosse um prêmio por seguir uma série de atitudes consideradas boas. Exigimos participação na Eucaristia, oração, jejum, não pecar contra a castidade e por aí vai e vamos enquadrando como bons e maus aqueles que aderem ou não aos nossos programas de discipulado.
É certo, que precisamos exortar, ensinar a verdade, encaminhar as pessoas. É certo falar da Missa, da oração, da Leitura da Bíblia, porém, tais coisas, só serão aceitas como algo bom e justo, depois que os irmãos houverem experimentado o amor de Deus. Antes disso, tais atitudes serão vistas como moralistas e desprovidas de valor real.
O primeiro passo para acolher é enxergar os irmãos da forma como Jesus os enxerga.
Se começarmos a meditar os Evangelhos a partir dos contatos de Jesus com os pecadores, vamos perceber que, antes de dar a norma moral “vá e não peques mais”, Ele ama profundamente a pessoa.
Ama a Pecadora (João 8). Os homens levam a pecadora para ser apedrejada. Jesus diz a célebre frase “Quem não tiver pecado atire a primeira pedra”. Os homens vão embora e ficam Jesus e a mulher, sozinhos. Ao levantar a cabeça, e vendo que todos haviam ido embora, Jesus diz: “Mulher eu não te condeno. Vai em Paz e não peques mais.” Antes de dar a ordem de não pecar, Ele fala: “Eu não te condeno”. Em outras palavras: “Embora eu não concorde com o que você fez, eu te acolho do jeito que você é.”.Jesus não ama o pecado, mas ama o pecador. Devemos proceder assim também. Quando alguém se aproxima e sabemos que precisa deixar certas coisas que vive, o primeiro passo é acolher e amar e, depois que esta pessoa, tiver experimentado a força do amor e do perdão de Deus, falar do desejo de santidade que há no coração do Senhor. Isso leva tempo. Pode durar vários meses ou até mesmo, anos. É claro que o irmão irá ouvir pregações e formações mas, cobrança real sobre a conduta, só deve ser feita, depois do alicerce espiritual que é a experiência de Deus. Isso é obra do Espírito. É o Espírito que vai converter. Nosso papel é anunciar o Evangelho, amar e acolher.
E quanto àqueles que se afastam do nosso grupo de oração?
Nós não somos juízes de ninguém. Não devemos ficar tentando descobrir os motivos que levam alguém a entrar ou sair dos nossos grupos. Cada pessoa é guiada pelo próprio Deus por caminhos que só o Senhor conhece. Há pessoas que precisam até sair da Igreja para que possa se converter de verdade. Os caminhos de Deus não são os nossos, por isso, não podemos julgar e condenar ninguém. Nossa tarefa é apenas silenciar e orar.
É certo que há pessoas que são tentadas e precisam de exortação mas, em todo caso, peçamos o discernimento ao Senhor e, como diz Santo Agostinho: “Em tudo, a caridade”.
É o amor que cura, converte e liberta. Ninguém tem o poder de converter e convencer os outros. Isso é obra do Espírito Santo. E o Espírito agirá mais livremente, quanto maior for o grau de nosso amor e de nosso acolhimento.

quarta-feira, 26 de março de 2008

CÓDIGO DA VINCI: FICÇÃO OU REALIDADE? MITO OU VERDADE? Pe. Jesus Hortal (publicado em http://www.arquidiocese.org.br/catequese/paginas/codigodavincip


I. A obra: suas fontes e comentários
Um verdadeiro fenômeno editorial. Mais de quinze milhões de exemplares, vendidos em pouco mais de um ano. Traduzida para mais de quarenta línguas, a obra de Dan Brown, embora qualificada pelo próprio autor de “romance”, despertou dúvidas e questionamentos no ânimo e até na fé de muitas pessoas, inclusive de algumas que pensavam ser fiéis aos ensinamentos da Igreja. Nas páginas do Código, parece renascer o antigo problema teológico do cristianismo – a conciliação entre a dupla realidade, divina e humana, do Cristo – misturado ao velho panteísmo naturalista, encarnado no mito do eterno feminino. É, sem dúvida, comida requentada, mas com novos temperos. Então por que o sucesso editorial? Exatamente pelos “temperos”.
O autor emprega técnicas bem atuais, calcadas nos filmes policiais e de espionagem: mudança rápida e contínua de cenário; desenrolar simultâneo de duas ou três tramas diferentes, mas entrelaçadas entre si; grande dose de violência, em boa parte gratuita; envolvimento de serviços secretos, com o emprego de técnicas sofisticadas. Até a presença de um mordomo, Rémy, que, apesar das aparências, não é o maior vilão da história. E não falta uma certa dose de erotismo, embora intelectualizado, quase que um voyeurismo acadêmico. Sobre isso, vai ainda uma cobertura de cientificismo barato e aparente erudição.
Mas a pimenta mais excitante empregada pelo autor talvez se encontre no questionamento subtil dos princípios cristãos, não de uma vez, mas lentamente, de modo insinuante. Sem perceber, o leitor acaba por querer descobrir não o autor do assassinato do curador do Museu do Louvre – como seria lógico num romance policial – mas o terrível segredo escamoteado durante séculos e que causa arrepios no mundo inteiro, sem que ninguém saiba exatamente do que se trata. Por isso também, no final, o romance resulta extremamente decepcionante: os guardiães do segredo não estão dispostos a revelá-lo e o velho professor de semiótica, transformado em detetive, se contenta com uma contemplação imaginativa à luz das estrelas.
O Código Da Vinci não é uma obra original. O próprio Dan Brown, que, em geral, lança afirmações gratuitas, aludindo genericamente a supostas provas, faz uma exceção no capítulo 60, onde cita quatro obras, embora sem dizer quem são os autores e muito menos a editora. Trata-se dos seguintes livros:
– A Revelação dos Templários – Guardiães Secretos da Verdadeira Identidade de Cristo.– A Mulher do Vaso de Alabastro – Maria Madalena e o Santo Graal.
– A Deusa nos Evangelhos – O Resgate do Sagrado Feminino.
– O Santo Graal e a Linhagem Sagrada – O Best-seller Aclamado Mundialmente.
Embora, pelo menos, duas dessas obras tenham sido traduzidas para o português e publicadas no Brasil, nenhuma deles teve grande repercussão no nosso meio, possivelmente por causa de seu estilo pseudo-erudito, pouco digerível para o grande público. Contudo, pode-se dizer que Dan Brown bebeu neles as suas idéias. Não é, pois, estranho que, conforme notícias aparecidas na imprensa, os autores de Holy Blood – Holy Grail o estejam processando sob a acusação de plágio. Por isso, eu dizia anteriormente que O Código Da Vinci não é original e que se trata de comida requentada com novos temperos.
Dan Brown insere-se, numa corrente literária neopagã, que pretende ressuscitar religiosidades perdidas, como os cultos de fertilidade do Oriente Médio, a mitologia germânica ou a céltica e que vê no cristianismo e, mais especificamente, na Igreja Católica, uma religião dos fracos e acomodados, incapazes de compreender as falsificações a que a doutrina de Jesus teria sido submetida pelo mundo eclesiástico. Como o nosso autor, também esses outros apelam para o mito do eterno feminino e dizem apoiar-se em manuscritos antigos, ocultos ou perdidos, nunca reproduzidos literalmente. Como amostras dessa corrente, citemos duas obras bastante difundidas, em tempos recentes, no Brasil, uma literária e uma cinematográfica: o romance As Brumas de Avalon e o filme Stigmata. O primeiro é, na concepção da autora, a narração da saga do Rei Artur do ponto de vista das mulheres; o segundo, uma pretensa interpretação dos Evangelhos gnósticos encontrados nos papiros de Nag Hammadi. O curioso é que, citando genericamente os mesmos documentos, o filme e Dan Brow chegam a conclusões diametralmente opostas. Stigmata, de fato, rejeita qualquer religião organizada e coloca o centro da espiritualidade no interior do próprio homem. Brown, pelo contrário, parece advogar por uma re-institucionalização dos cultos pagãos da fecundidade e da adoração do feminino.
Um livro com tais características não poderia deixar de suscitar grande número de comentários, incluindo desmentidos oficiais, por exemplo, do Opus Dei. Basta contatar, por meio da Internet a livraria Amazon e logo encontraremos uma literatura polêmica em torno de O Código Da Vinci. Contra o que se poderia esperar, por ser a obra de Dan Brown fundamentalmente anti-católica, há também refutadores protestantes numerosos. Sem pretender esgotar o tema, posso citar alguns livros desse tipo, vários dos quais já foram traduzidos para o português:como Decodificando Da Vinci (Cultrix, 2004); Quebrando o Código Da Vinci (Novo Século, 2004); Revelando o Código Da Vinci (Madras, 2004); A Fraude do Código Da Vinci (Editora Vida, 2004); Os Segredos do Código (Sextante, 2004) Não sei se foram traduzidos para a nossa língua, mas também podemos citar outras obras do mesmo tipo, publicadas nos Estados Unidos: The Da Vinci Hoax; Fact and Fiction in the Da Vinci Code. Seria interminável citar as recensões e os artigos aparecidos em revistas e jornais. É claro, pois, que O Código é um livro lido e discutido, que provocou uma certa confusão mental em numerosas pessoas, incluindo alguns católicos que pensavam ser fiéis seguidores da Igreja.
Ao mesmo tempo, porém, podemos afirmar que se trata de uma obra de ficção, sem base em fatos e até propositalmente mentirosa. Para provar essa afirmação, examinaremos alguns aspectos bem concretos da obra, a fim de mostrarmos as suas contradições internas e as suas falhas históricas e científicas.
II. As referências às obras de Leonardo
Contra o que é comum em romances e filmes, onde, normalmente, para evitar reclamações de indivíduos que possam sentir-se aludidos, se declara que qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais é pura coincidência, Dan Brown coloca, logo no início, uma página com o título “FATOS”. Qualquer leitor atento poderá, porém, perceber que, ao contrário do que é afirmado, os tais “fatos” se distanciam fundamentalmente da realidade. Examinemos, pois, o que Brown pretende que o leitor aceite sem discussão, embora sem observarmos a ordem do autor.
O terceiro “fato” tem a seguinte formulação: “Todas as descrições de obras de arte, arquitetura, documentos e rituais secretos neste romance correspondem rigorosamente à realidade”. É incompreensível que uma pessoa que pretende ser séria possa afirmar uma coisa tão falsa. Ao longo deste trabalho veremos um bom número de inexatidões e mesmo de falsidades veiculadas no “Código”.
Comecemos pela análise de algumas obras de Leonardo Da Vinci citadas no romance. Em primeiro lugar o Homo Vitruvianus. O Curador do Museu do Louvre, para morrer se teria colocado propositalmente na posição do famoso desenho inspirado no Tratado de Arquitetura de Vitrúvio. Do ponto de vista médico, tal coisa é praticamente impossível. No momento da morte, acontecem estertores e movimentos involuntários. Ninguém conserva a plena consciência até o momento em que se produz a rigidez cadavérica; por isso, nos últimos momentos, não é dono dos seus atos. Por muito que se esforce, a posição do cadáver não vai ser aquela que o moribundo possa ter pensado. Por outro lado, o desenho de Leonardo, em lugar de transmitir uma figura estática (o pentagrama) mostra claramente, por meio dos braços e das pernas duplicados, que se abrem e se fecham, a idéia de movimento, dentro das proporções harmônicas do corpo humano. O primeiro “código”, na realidade, não é tal, mas pura invenção do autor.
Mas onde a imaginação de Dan Brown envereda por caminhos absurdos é na análise do quadro da Última Ceia. Ele parece ignorar que o pintor se inspirou na descrição do Evangelho de São João e, mais especificamente, no momento em que Jesus anuncia a traição e os Apóstolos perguntam quem será o traidor. É bom observar os detalhes não de qualquer reprodução piedosamente retocada, mas do próprio afresco do refeitório do Convento de Santa Maria delle Grazie em Milão. As figuras não estão distribuídas de modo estranho, conforme afirma Brown. Ao contrário, seguem uma disposição bastante comum na pintura renascentista: a fim de evitar a sensação de desordem, encontram-se distribuídos em grupos de três, enquanto o Senhor fica como que isolado, no meio deles. Ainda mais, Pedro não faz nenhum gesto ameaçador contra João (que Brown pretende seja Maria Madalena), mas, com a mão sobre o ombro do filho do Zebedeu, cochicha ao ouvido dele, conforme o Evangelista narra, para pedir que pergunte ao Cristo quem é o traidor. Por isso, entre João e Jesus, aparece um vão, que nada tem a ver com um suposto V, símbolo do feminino. Os corpos deles não se “tocam”, como diz Brown; apenas os cotovelos estão próximos. A figura do Apóstolo João, à direita de Jesus, nada tem de esquisita. Responde à iconografia corrente em quase todos os pintores (e não vamos supor que todo foram esotéricos!): é a figura de um jovem imberbe, quase um adolescente. De fato, a tradição sempre viu nele “o discípulo virgem”; ainda mais, João teria vivido até bem perto do ano 100 da nossa era, o que faz supor que era bem novo no momento da morte de Jesus.
Brown se maravilha de que Jesus, ao igual que todos os apóstolos, não tenha, diante de si, um cálice com a forma clássica que conhecemos, mas sim uma taça com vinho: treze taças! Estaria, pois, faltando o “Santo Graal!”. A verdade é que João, no seu Evangelho, embora a suponha, não narra a instituição da Eucaristia. Por isso, Leonardo não precisava pintá-la. Além disso, pretendendo ser fiel à tradição judaica, colocou diante de cada um dos comensais, tal como ainda hoje se faz na Páscoa judaica, o mesmo tipo de recipiente para o vinho: uma espécie de tigelinha para cada um. Do mesmo modo, também todos têm pão na sua frente. Isso, contudo, não precisaria impedir que Jesus partilhasse o seu vinho e o seu pão, na instituição do sacrifício eucarístico. Se há inexatidão histórica, não é em Leonardo e sim nos outros pintores. Finalmente, é bom observar a forma de tigela do recipiente, porque pode indicar também, como veremos, a tradição mais primitiva acerca do vaso empregado na Última Ceia.
Um outro quadro no qual se detém Dan Brown é o da Madonna dos Rochedos, expressão da originalidade de Leonardo. Afirmar, como o nosso autor faz, que Maria tem “no seu colo” a Jesus, que estaria sendo abençoado por São João Batista, equivale a confessar que não olhou realmente a pintura. Nela, Maria está apenas amparando com o braço direito um figura de criança que segura um cajado e que claramente é o Batista. De fato, na sua cintura, há nitidamente um cinturão de pele de camelo, o que corresponde à descrição dos evangelistas; a mesma coisa se diga do cajado, embora Leonardo, num evidente anacronismo, lhe tenha dado uma forma de cruz. Para não haver dúvida, a figura de Jesus, que se encontra sentado no chão e abençoa o Batista, é claramente de tamanho menor do que a de João, pois entre os dois havia uma diferença de idade de seis meses.
Ainda o nosso autor se detém a “examinar” (não seria melhor dizer a “fantasiar” sobre?) o famoso quadro da Monna Lisa. Leonardo pintou-o entre 1503 e 1506, empregando a conhecida técnica do sfumato. Parece que nunca o deu por concluído. Talvez por isso, não lhe deu título algum. O nome Monna Lisa foi-lhe atribuído por Giorgio Vasari em 1550, portanto, trinta e um anos após a morte de Leonardo. Mais tardio ainda é o nome de La Gioconda, assim chamada por Cassiano del Piombo em 1625, por pensar que fosse o retrato de Lisa (ou Elisa) Gherardini, mulher do rico comerciante florentino Francesco dal Giocondo . É fácil, portanto, ver que as especulações de Dan Brown sobre o nome Monna Lisa, como revelador de um segredo de Leonardo, carecem de qualquer fundamento objetivo. O pintor não poderia ter especulado sobre um nome que nem deu ao quadro e nem sequer chegou a conhecer. Além disso, a pretensa etimologia alegada por Brown (Amon l´Isa), que seria um acróstico dos deuses egípcios Amon e Isis, não se sustenta cientificamente. A duplicação do n em Monna, impede qualquer semelhança, além de que o artigo l´ surge do nada. Onde está, pois, a alegada “correspondência rigorosa” da descrição de Dan Brown com as obras descritas?
III. As pretensas “provas” científicas
Ao longo do romance, Dan Brown pretende dar “provas” científicas do que afirma. Até se arrisca a apresentar alguns fatos matemáticos, como a seqüência de Fibonacci e o número phi. Só que as suas afirmações rotundas revelam muitas vezes a ousadia da ignorância. Como se pode afirmar que a proporção entre a estatura de uma pessoa, de um lado, e a distância entre seu umbigo e a ponta dos pés, do outro, é rigorosamente igual para todos os indivíduos? Será que Brown não sabe que há indivíduos com pernas proporcionalmente mais compridas do que as de outras? Pensa que, por exemplo, os anões, cujo tórax é normal, mas que têm pernas muito curtas, respondem à mesma proporção do que as pessoas comuns? A mesma coisa se diga da afirmação de que a proporção entre obreiras e zangões, numa colméia, é sempre exatamente o número phi. Poderá tender para ele, mas num grupo tão numeroso, onde há mortes constantes por causas fortuitas, para manter tal proporção, seria necessária uma recontagem diária e uma eliminação de indivíduos do grupo que estivessem fora do parâmetro. Tal coisa nunca foi comprovada.
Mas onde se revela mais claramente o espírito pseudo-científico de Brown é nas alegações acerca de documentos secretos, ignorados ou escondidos pela Igreja católica, que demonstrariam as suas teses. Trata-se, fundamentalmente de três fontes: os escritos gnósticos dos chamados papiros de Nag Hammadi: os manuscritos do Mar Morto, achados nas cavernas de Qumran e o hipotético escrito Q, que muitos estudiosos do Novo Testamento alegam ter existido com prioridade aos Evangelhos canônicos.
Os papiros de Nag Hammadi são os restos de uma biblioteca gnóstica, achados no Egito em 1945. Dos algo mais de cinqüenta textos, menos de uma dúzia (e não mais de oitenta, como afirma Dan Brow) têm o título de Evangelho, sendo o mais importante o chamado Evangelho de Tomé. Não pertencem ao Vaticano e todos eles estão editados e traduzidos para os diversos idiomas, inclusive o português. Não se vê como seria possível uma conspiração “do Vaticano” para ocultá-los. Na linguagem simbólica, própria do gnosticismo, apresentam uma concepção fortemente dualista, onde a matéria é algo oposto à Divindade; prisão da alma, que é a verdadeira centelha divina. A mulher é tão desprezada pelos seguidores daquela seita que chegam a afirmar que Jesus estava pensando em transformar a Madalena em homem, para que fosse capaz de atingir a plenitude do conhecimento. O sexo e o matrimônio são neles condenados, pois a interrupção da procriação seria o único meio de libertar o ser humano de sua atual condição degradante. Como facilmente se pode perceber, essas idéias são diametralmente opostas ao acentuado sexismo e à adoração do eterno feminino e da mãe natureza que Brown pretende ver como o cerne da verdadeira pregação cristã. O “beijo na boca”, sobre o qual Brown especula, como “demonstração” da relação entre Jesus e a Madalena, é, nesses escritos, uma clara alegoria da transmissão do conhecimento secreto, sem conotações sexuais. Além disso, não se pode esquecer que os Evangelhos gnósticos são, pelo menos, duzentos anos posteriores aos canônicos. Por que, então, privilegiar, como fonte de informação o posterior sobre o anterior? Não houve ocultação da verdade por parte da Igreja católica.
A segunda fonte documental que Brown cita, mas também sem aduzir nenhum texto concreto, são os chamados Manuscritos do Mar Morto. Trata-se de pergaminhos (a maior parte) e de alguns poucos papiros, encontrados em onze cavernas de Qumran, nas encostas do Mar Morto. A grande maioria encontram-se atualmente em Jerusalém, no “Santuário do Livro”. O Vaticano não é proprietário deles; por isso, também não poderia ocultá-los. Embora com muita lentidão ­– em parte por causa de rivalidades entre os pesquisadores –, o seu conteúdo foi totalmente editado, não se podendo falar mais de textos ocultos. Exceto, talvez, alguns pequenos fragmentos da caverna 4, todos os manuscritos são anteriores a Cristo, pelo que não podem conter nenhuma notícia acerca dele. Também não há neles o mínimo rasto da pretensa religião naturalista que Brown pretende ver por toda a parte. Ao contrário, os manuscritos do Mar Morto apresentam um tipo de espiritualidade rigorista, com forte acento apocalíptico, e com pretensões de conservar o javismo autêntico, frente à corrupção do mundo do Templo de Jerusalém.
A terceira fonte documental nomeada pelo nosso autor é um escrito hipotético. Perante as coincidências manifestas dos três evangelistas sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), muitos estudiosos avançaram a hipótese de que, antes dos Evangelhos canônicos, teria havido uma coleção de ditos de Jesus, à qual deram o nome de Q (do alemão Quelle, ou “fonte”). Tal hipótese parece plausível, mas até agora não foi comprovada documentalmente. Por isso, todas as afirmações sobre os conteúdos literais de Q e sobre a autoria atribuída ao próprio Cristo, não passam de pura especulação. É disso do que gosta Dan Brown, muito mais do que do rigor científico. Uma vez mais, vemos que as suas descrições estão a anos luz da alegada correspondência rigorosa com a realidade.
A mesma improvisação imaginativa a vemos quando o nosso autor pretende apresentar a figura de Maria Madalena. Observemos inicialmente que, nos Evangelhos canônicos, há três figuras femininas que, no imaginário popular acabaram por fundir-se. Uma é Maria de Betânia, irmã de Marta e de Lázaro; outra é Maria de Magdala (ou Madalena); e outra, enfim, é a pecadora anônima que ungiu os pés de Jesus. A primeira é citada pelo nome apenas por Lucas e João. Os outros dois evangelistas citam o frasco de alabastro e o fato da unção em Betânia, mas sem mencionar o nome da pessoa que a realizou. A Betânia a que eles fazem alusão é uma pequena aldeia bem próxima de Jerusalém e distante da Galiléia. A Madalena, por sua vez, é mencionada pelos quatro evangelistas, como alguém que se encontrava ao pé da cruz no momento da morte de Jesus e que, na manhã da ressurreição, foi ao sepulcro, para ungir o corpo do Mestre. À parte o fato de pertencer ao grupo de mulheres que seguiram Jesus desde a Galiléia (a pequena cidade de Magdala encontra-se nessa região), o único traço particular a seu respeito é fornecido tanto por Marcos, que nos diz que dela “Jesus expulsara sete demônios” (Mc 16,9), quanto por Lucas, que afirma que dela “saíram sete demônios” (Lc 8,2). Já a pecadora anônima é citada apenas por Lucas, com o apelativo de “uma mulher”, sem nenhum traço de identificação com qualquer outro personagem do seu Evangelho. Há, porém, uma circunstância comum às três mulheres, que pode ter levado, numa análise superficial, a identificá-las: as três ungem Jesus: a pecadora, nos pés; Maria de Betânia, na cabeça; a Madalena, no corpo inteiro, no momento do sepultamento, coisa que teria feito mais uma vez, se tivesse podido, na manhã da ressurreição.
Nem nos Evangelhos canônicos, nem em qualquer autor cristão dos primeiros séculos há qualquer alusão ao suposto relacionamento marital entre Jesus e a Madalena. Mas também não existe tal nos evangelhos apócrifos, como o de Filipe ou o de Tomé. Por isso, Brown é incapaz de incluir qualquer citação literal desses escritos que levem a tal conclusão. Muito menos há, durante toda a antiguidade, um único traço documental de uma suposta descendência de Jesus. A cena narrada no quarto Evangelho, sobre o ato de Jesus de confiar a Virgem Maria a João (“e a partir daquela hora, o discípulo a acolheu na sua casa”) não teria sentido, se ele deixasse uma viúva, com a qual logicamente a mãe deveria ficar. Tenha-se presente que o evangelista fala explicitamente da presença da Madalena ao pé da cruz. Nem Jesus parece preocupar-se com o futuro dela, nem ela recebe o encargo de cuidar da Virgem Maria ou dos supostos filhos do casal.
Maria Madalena, contra o que afirma Brown, sempre foi venerada na liturgia, tanto católica, quanto ortodoxa. Ainda mais, até a reforma litúrgica posterior ao Concílio Vaticano II, a sua missa – fora das de Nossa Senhora – era a única de uma santa mulher na qual se rezava o Credo, por ter sido a primeira testemunha da ressurreição e, por isso “Apóstola dos Apóstolos”. Aliás nessa última reforma litúrgica, mais de trinta anos anterior a Brown, as palavras “qui Mariam absolvisti” do hino medieval Dies irae, dies illa, foram substituídas por “peccatricem absolvisti”, evitando a confusão de qualquer Maria com a pecadora absolvida por Jesus.
No seu afã de apresentar uma linhagem real, a partir da Madalena, Brown ignora por completo a tradição medieval francesa – conservada viva pelos ciganos – da chegada de Maria de Magdala e outros discípulos a Saintes-Maries-de-la-mer, perto de Arles, na Provença, onde teria sido pregadora, e de sua retirada posterior, como penitente e contemplativa, na chamada Sainte Baume, uma gruta, que ainda hoje é lugar de peregrinação. É supérfluo mencionar que tal tradição – a mais antiga a este respeito – desconhece por inteiro qualquer descendência da Madalena.
IV. Os lugares
Se, como acabamos de ver, o autor de O Código Da Vinci é fraco na citação de documentos históricos, ainda comete outros graves erros na descrição dos lugares onde situa o seu romance. A ação se desenvolve basicamente num cenário restrito: o museu do Louvre, as sedes do Opus Dei em Nova Iorque e em Londres, o palácio de Castel Gandolfo, a igreja de Saint Sulpice, a abadia de Westminster e a Temple Church em Londres, mais a capela Rosslyn, na Escócia. Mas Brown aproveita para falar de numerosas outras construções, incluindo o templo de Jerusalém a as grandes catedrais góticas.
Dentre os lugares citados, merece destaque a sede do Opus Dei em Nova Iorque, porque, nos “fatos” alegados no início de livro, o segundo diz: “A Prelazia do Vaticano conhecida como Opus Dei é uma organização católica profundamente conservadora, que vem sendo objeto de controvérsias recentes, devido a relatos de lavagem cerebral, coerção e uma prática perigosa conhecida como «mortificação corporal». A Opus Dei acabou a construção de uma sede nacional em Nova York, ao custo de 47 milhões de dólares”. Poucas vezes, é possível cometer mais inexatidões em tão curto espaço.
Em primeiro lugar, o Opus Dei não é uma “prelazia do Vaticano”, mas um prelazia da Igreja Católica, ou seja, um conjunto de padres e diáconos, sob a direção de um prelado, que desenvolve um tipo próprio de espiritualidade católica e que se dedica ao apostolado entre os leigos que vivem no mundo.
Em segundo lugar, acusações tão graves como as de “lavagem cerebral” e “coerção”, deveriam ser documentadas. Brown não identifica, com qualquer traço, os seus informantes, muito menos as vítimas de tal “lavagem”, como também não informa sobre qualquer processo ou condenação de integrantes do Opus Dei por causa de tais crimes. A mortificação corporal não é uma “prática perigosa”, mas uma tradição da Igreja católica, baseada no exemplo do próprio Jesus, que, conforme os relatos evangélicos, jejuou quarenta dias e quarenta noites. Ainda hoje, todos os católicos, a partir dos dezoito anos de idade, até completar cinqüenta e nove, estão obrigados a jejuar na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira santa, assim como a fazer, todas as sextas-feiras do ano alguma obra de penitência. Todos nós lembramos, aliás, dos “sacrifícios” que éramos incentivados a praticar nos colégios e associações católicos. O que não é admissível é o tipo de mortificação que Brown descreve de modo sádico; aliás, ela seria impossível, porque teria conseqüências bem graves para a saúde de quem a praticasse. Silas, o executor do curador do Museu do Louvre, parece um super-homem, pois, após horrorosas flagelações continua com capacidade para correr, pular muros e desenvolver uma força incrível. O único ponto das críticas de Brown ao Opus Dei que tem algum fundamento é o do dinheiro de que disporia, mas sobre isso voltaremos mais adiante.
Um outro cenário focalizado pelo nosso autor é a igreja de Saint Sulpice, em Paris. O templo atual foi construído entre 1642 e 1745, bem longe da época dos templários, aos quais Brown parece querer conectar com essa construção. A chamada “linha rosa”, contra o que afirma o nosso autor, não passa por esse templo. O meridiano marcado no seu interior não é mais do que um imenso relógio solar, tendo o obelisco a função de indicar o meio-dia. Não há, portanto, nenhum mistério escondido nele. Templos cristãos com indicações astronômicas são relativamente frequentes. Sirvam de exemplo a igreja de São Petrônio em Bolonha (Itália), também com um meridiano, ou a catedral de Toledo (Espanha), onde um vitral permite que, no equinócio da primavera, o sol ilumine diretamente o sacrário da capela do Santíssimo.
Mas, em matéria de arquitetura, quando o nosso autor se mostra mais ousadamente ignorante é quando fala dos templos góticos. É completamente falso que as grandes catedrais góticas da Europa tenham sido construídas pelos templários. Foram as dioceses, com os seus bispos à frente que começaram essas construções grandiosas, já antes da fundação da Ordem templária, e as concluíram bem depois da sua dissolução. Ver na nave de uma catedral gótica a estrutura do útero feminino ultrapassa qualquer mente freudiana. Simplesmente, não há a mínima semelhança. A arquitetura gótica expande o espaço ao máximo, aproveitando os recursos arquitetônicos disponíveis naquela época: arco em ogiva, abóbada apoiada em nervaturas e arcobotantes. Nenhum crítico da história da arte alegou nada semelhante ao que Brown afirma. Ele parece ser o único iluminado.
A Temple Church de Londres é, de fato, uma das poucas igrejas autenticamente templárias que restam. Construída em 1185, foi destruída por completo, durante os bombardeios alemães a Londres, mas reconstruída após a Segunda Guerra Mundial. É atualmente um templo anglicano, com culto regular, onde seria impossível esconder os segredos que Brown insinua terem estado lá enterrados. A mesma coisa se diga da Capela Rosslyn, na Escócia, uma verdadeira jóia arquitetônica e um templo com intenso culto, pois é usado muito freqüentemente para casamentos. Não fica fechada durante a semana, nem está confiada a uma velha senhora, mas tem clero anglicano e sacristães para cuidar dela.
Continuando com as questões arquitetônicas, vejamos agora o museu do Louvre e a sua discutível pirâmide de vidro. A construção desta foi encomendado, mediante concurso público mundial, ao arquiteto sino-ameriacano Ieoh Ming Pei. Terminada em abril de 1989, compõe-se não de 666 vitrais, como quer Brown, mas de 673, conforme informa o próprio museu. Pensar que, numa obra construída em nosso tempo, sob o olhar curioso dos parisienses, tenha sido possível esconder, sem que ninguém o visse, o esquife contendo os restos de Maria Madalena e vários caixotes de documentos é algo tão irreal que nem merece uma refutação.
V. Os personagens
Se passarmos agora a considerar alguns dos personagens que se encontram no centro da trama de O Código Da Vinci¸ encontraremos as mesmas ou maiores inexatidões históricas.
Um primeiro exemplo é o modo como é apresentado o Imperador Constantino I, “o Grande”. Reinou durante vinte anos, de 317 a 337. Concedeu a liberdade ao cristianismo, tornando-o religião lícita, mediante o Édito de Milão, mas nunca o declarou religião do Estado. Tal coisa somente aconteceu com Teodósio I o Grande (383-388). Durante a era constantiniana, o paganismo romano continuou a existir e o próprio Imperador continuou a exercer o cargo de Pontifex Maximus ou sumo sacerdote da religião pagã. Conservou inclusive as vestais, virgens dedicadas temporariamente a Vênus, sustentadas às custas do Estado. Parece que Constantino somente se converteu ao cristianismo e foi batizado no fim de sua vida, diferentemente de sua mãe, Santa Helena, fervorosa cristã, que percorreu a terra Santa à procura das relíquias de Jesus e da primitiva Igreja. É verdade que convocou o Concílio de Nicéia, primeiro dos ecumênicos, a fim de conseguir a unidade entre as diversas facções cristãs. A este propósito, Brown tem a desfaçatez de afirmar que, antes de Constantino, ninguém teria afirmado a divindade de Cristo. Basta ler, como exemplo entre outros muitos, três textos neo-testamentários: 1) o início do Evangelho de São João: “No princípio existia o Verbo e o Verbo estava junto a Deus e o Verbo era Deus... e o Verbo se fez carne e habitou entre nós”; 2) a conhecida passagem da Carta aos Filipenses: “Tende em vós aquele sentimento que houve em Cristo Jesus, o qual subsistindo em forma de Deus não julgou o seu ser igual a Deus como um botim cobiçável, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens”; o trecho da Carta de São Paulo a Tito, que se lê no dia do Natal: “Aguardado a bendita esperança de nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo”. Além disso, qualquer um que tenha olhado os escritos dos Padres Apostólicos, do século II, como a Didakhé, Sto. Inácio de Antioquia, São Policarpo de Esmirna ou São Justino, terá percebido que todos eles defenderam ardentemente a divindade de Cristo. Ou Dan Brown tem uma ignorância completa da literatura cristã primitiva ou escreveu o seu livro com uma má fé incrível.
Podemos apresentar uma contraprova das nossas afirmações sobre Constantino, olhando um outro Imperador, Juliano I, apelidado de O Apóstata. Reinou de 361 a 363 e tentou uma espécie de revanche do paganismo. Apesar do seu ódio contra os cristãos, nunca lançou qualquer acusação de eles terem deturpado a doutrina de Jesus. Ao contrário, sempre mostrou seu desprezo pelo Cristo, ao qual se referia sempre como “O Galileu”.
Um outro personagem histórico ao qual se refere, direta ou indiretamente Dan Brown é o fundador do Opus Dei, Josemaría Escrivá de Balaguer. Caracterizar os membros da prelazia como “monges”, tal como o nosso autor faz, demonstra uma ignorância completa dos diversos tipos de vida consagrada na Igreja Católica, assim como da espiritualidade da “Obra de Deus”. Camino, a obra do Fundador, traduzida em numerosas línguas e reeditada inúmeras vezes apresenta um tipo de espiritualidade militante para o laicato, própria da Espanha dos anos trinta e quarenta. Não convida, como os fundadores da vida monástica, à “fuga do mundo”, mas, ao contrário, a uma inserção plena na dinâmica do temporal. Um outro autor do Opus Dei, Jesús Urteaga Loidi, escreveu outro bestseller da espiritualidade da Obra: O valor divino do humano. Se de alguma coisa foi acusado – a meu ver infundadamente – não foi exatamente de fuga do mundo, mas, ao contrário, de horizontalismo e semipelagianismo. O “monge albino”, Silas, o assassino do romance, vai por toda a parte vestido de batina, coisa que nem sequer os clérigos da Prelazia fazem. A conversão dele, que teria ocorrido numa paróquia rural das Astúrias, na Espanha, por obra de Aringarrosa, o futuro Prelado do Opus Dei, é fantástica: o Opus Dei não regenta paróquias rurais na Espanha.
O único ponto que poderia discutir-se sobre a Prelazia é o seu poderio econômico. Mas é o mesmo problema de todos os institutos de vida consagrada, nos quais sempre houve e sempre haverá o problema da vivência da pobreza ao lado na necessidade de meios materiais para o exercício do apostolado. No caso do Opus Dei, há uma questão ulterior. Vivendo no mundo e exercendo os seus membros, na sua grande maioria, profissões liberais, não é estranho que consigam movimentar um volume considerável de dinheiro. A questão está em distinguir entre o que é da Obra e o que é de cada um dos seus membros.
Falando de personagens históricos, onde a imaginação de Dan Brown descamba incontida – embora não de maneira original – é em relação aos merovíngios. Uma fração da tribo dos francos sálicos, recebem o seu nome de Merovech, avô do rei Clóvis. Este, que reinou de 481 a 511 era pagão e se converteu ao catolicismo por influxo de sua esposa, a princesa burgúndia Clotilde, e do Bispo São Remígio, que o batizou. Teria sentido tal conversão se Clóvis fosse descendente de Cristo, como Brown pretende? Aliás, em toda a Idade Média, não há uma única referência a tal descendência. Quando, bem mais tarde, foi instaurada a dinastia dos Capetos, pretendendo glorificar as origens da monarquia francesa, foi inventada uma outra lenda bem diferente: os merovíngios seriam descendentes de Enéas e dos troianos. A ignorância histórica de Brown chega a afirmar que Paris teria sido fundada por Merovéu. Só que ela existia desde muito antes e já é citada por Júlio César no De Bello Gallico, como “Lutetia Parisiorum”. Na sua obsessão anti-romana, Brown chega a afirmar, sem aduzir nenhuma fonte, que o Rei Dagoberto II, teria sido assassinado, em 679, “pelo Vaticano (sic!), em conluio com Pepin d’Héristal” [ou l’Héristal], pai natural de Carlos Martel. Logicamente, o nosso autor é incapaz de citar um único documento que sirva de base a tal hipótese peregrina. Lembre-se, aliás, que a residência oficial dos Papas, até 1305, era o Palácio de São João de Latrão e não o Vaticano, para onde os Pontífices se mudaram unicamente após a volta de Avignon, quase setecentos anos após a morte de Dagoberto!
VI Os Símbolos
Num livro cujo protagonista – Robert Langdon – é professor de semiótica na Universidade de Harvard, esperar-se-ia um maior rigor na descrição e interpretação dos símbolos. Mais uma vez, sentimos uma profunda decepção. Ao falar do Santo Graal, apoiando-se em grafias extremamente duvidosas, Brown tira conclusões falsas. Graal, conforme todos os estudiosos, provém do latim cratalis ou gradalis, quer dizer, um vaso em forma de cratera. Podemos comprovar que pelo menos uma parte da tradição conservou a lembrança dessa forma. Veja-se, por exemplo, o “Santo Grial” da Catedral de Valência, na Espanha, onde se observa claramente que a haste não estava unida originariamente à taça e que esta é especificamente uma cratera. O Santo Graal seria, portanto, a forma moderna de Sanctus Cratalis. Carece de sentido a etimologia proposta pelo nosso autor: sang-real ou sangue real. Na falsa etimologia de Brown (sang-real), as palavras ficam truncadas, pois o C ou G de cratalis é separado desse vocábulo e juntado arbitrariamente ao anterior; igualmente, os dois a de Graal, por arte de mágica viram ea, mudando completamente o significado da palavra originária. Além disso, leve-se em conta que toda a saga do Rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda, que inspirou tantas obras literárias teria um significado bem diferente daquele que lhe foi atribuído ao longo de todos os séculos. Seria possível tamanho erro?
No seu afã de encontrar simbolismos sexuais por toda a parte, Brown apela para a interpretação fálica da espada (ou “lâmina”) e feminina do “cálice”. Gostaria de saber se alguém, até agora, encontrou no Novo Testamento qualquer texto que dê lugar a tais interpretações. Logicamente, o nosso autor apela para a “Estrela de Davi” (dois triângulos eqüiláteros entrelaçados) como a demonstração de que na tradição judaica estavam presentes, desde o início, tendências religiosas tipicamente sexuais. Acontece que esse símbolo, conhecido também como magen ou “escudo de Davi”, não foi associado com o judaísmo antes de bem avançada a Idade Média. Nas moedas do antigo Israel e nas decorações das sinagogas mais primitivas, o único símbolo constante é a menorah ou candelabro de sete braços, que se encontrava no Templo de Jerusalém e foi levado, como botim, pelas tropas de Tito. Estrelas de seis pontas são bastante comuns entre outras populações do Oriente Médio e do Norte da África. Ainda hoje, por exemplo, a bandeira do Marrocos tem, no meio, uma delas.
Já fizemos alusão anteriormente, ao pentagrama. Também a respeito dele Dan Brown comete todas uma série de inexatidões. É falso que, como ele afirma, a órbita do planeta Vênus seja exatamente um pentágono. No máximo, poderia lembrá-lo, de longe. É igualmente inexato dizer que as Olimpíadas da antiga Grécia estavam dedicadas a Vênus e que, por isso, se celebravam cada cinco anos. A verdade é que estavam dedicadas a Zeus Olímpico e que aconteciam cada quatro anos. Essa é também, logicamente, a freqüência atual, não obstante os simbólicos cinco aros entrecruzados que conhecemos e que, contra o que erroneamente se propaga, não procedem da antiga Grécia. Quando o Barão de Coubertin, em 1896, conseguiu a restauração dos jogos, não adotou tal emblema. Somente em 1913, após a celebração de cinco olimpíadas, é que ele apresentou o conhecido logo, simbolizando os cinco países onde elas tinham acontecido. Parece que Coubertin pensava em acrescentar um anel a cada nova olimpíada, mas a irrupção da primeira Guerra Mundial impediu os jogos até 1920, quando o símbolo já estava, por assim dizer, cristalizado e lhe foi dada uma nova interpretação: os cinco continentes entrecruzados numa empresa de entendimento entre os povos.
VII. Os “Códigos Brown”
Dan Brown parece ter-se prevenido contra acuações de pretender enganar os seus leitores. Para os que acreditam ingenuamente nas suas afirmações, ele deixou escondidos certos “códigos”, pistas que indicam algumas fontes e fatos, capazes de desvendar a verdadeira natureza do livro.
Em primeiro lugar, ele parece brincar de charada com os nomes de alguns dos seus personagens. O editor dos livros do protagonista professor Langdon é chamado de “Jonas Faukman, em clara alusão ao editor J. Kaufman, que publica os livros de Brown.
Tive a curiosidade de colocar no buscador Google o nome de Robert Langndon. Para minha supresa, além dos links relacionados com O Código Da Vinci, apareceu um cirurgião plástico com esse nome.
O excêntrico milionário inglês, capaz de desvendar todos os mistérios do Santo Graal e vilão da história é chamado de Leagh Teabing. Ora, este nome se compõe exatamente com as letras dos sobrenomes de dois dos autores do livro, que já citamos anteriormente e onde Brown bebeu as suas idéias principais, O Santo Graal e a Linhagem Sagrada: Michael Baigent, Richard Leigh. É quase uma confissão de culpa, de ter-se apropriado das idéias desses escritores. Daí a acusação de plágio que os dois autores levantaram contra Brown perante os tribunais.
O curador do museu do Louvre e pretenso Grão Mestre do fantasioso Priorado de Sião assassinado se chamaria Jacques Saunière. Curiosamente, esse sobrenome corresponde exatamente ao de um sacerdote francês da diocese de Rennes, Bernard ou Bérenger Saunière, falecido em 1917. Dedicou-se à venda de missas. Para defender-se das acusações de simonia, propalou histórias sobre pergaminhos alusivos a Maria Madalena e a que estariam tesouros escondidos na capela do castelo de Rennes e que ele teria descoberto, mas que nunca mostrou. A verdade é que morreu pobre, sem que ninguém tenha visto tais tesouros. Sobre ele, um obscuro autor e conhecido falsificador, Pierre Plantard, escreveu o romance L’Or de Rennes, um fracasso do ponto de vista editorial. Plantard, embora não citado, é claramente uma outra das fontes utilizadas por Dan Brown. Ainda mais, no decorrer do romance, acabamos por saber que o verdadeiro sobrenome de Sophie Neveu, criptógrafa da polícia francesa e neta do assassinado Jacques Saunière, seria Plantard(!)
Mas quem foi esse Pierre Plantard? Como já falamos, foi um escritor francês, nascido aos 18 de março de 1920 e falecido aos 3 de fevereiro de 2000. Inicialmente, anti-semita e anti-maçon, colaborou com o Governo de Vichy. Fundador, nos anos 40, de duas Sociedades inconsistentes – Rénovation Nationale Française e Alpha Galates. Conforme registro na sub-prefeitura de Saint Julien-en-Genevois, fundou em 1956, portanto, em pleno século XX e não no XI conforme a coronologia de Brown, fundou, junto com André Bonhomme, o “Priorado de Sião”, de vida curta e efêmera, pois teve que ser refundado outras duas vezes, até desaparecer por completo, em poucos anos.
Foi condenado por corrupção de menores, em 1956. Escritor fracassado de romances, como o já citado L’Or de Rennes, buscou a fama através da falsificação de documentos, introduzidos em diversas bibliotecas, especialmente na Nacional de Paris (os famosos “dossiês secretos”, citados por Brown), para apoiar suas fantasias. O jornalista francês Jean-Luc Chaumeil desmascarou as imposturas de Plantard nos anos 80 e publicou vários livros sobre o assunto. Colaborou com a BBC2 – que inicialmente dera como autênticos os “dossieres” – num programa de TV que foi ao ar em 1996 e que apresentou provas demolidoras contra a história toda. Na sua ânsia paranóica, propalou que, da fantástica linhagem da Madalena teriam sobrevivido só duas famílias, Plantard (a dele!) e Saint Clair, unidas como Plantard de Saint Clair. Chegou a divulgar inclusive um suposto brasão dessa família, com uma flor de lis, em campo vermelho e a inscrição et in Arcadia ego. Facilmente se vê que, curiosamente, não há aí nenhuma mensagem cristã; ao contrário, a Arcádia forma parte da mitologia grega e a palavra ego parece indicar um claro egoísmo anticristão.
A este respeito, é bom lembrar o primeiro dos “Fatos” alegados por Dan Brown, na página introdutória do seu romance: “O Priorado de Sião – sociedade secreta européia (?) fundada em 1099 – existe de fato. Em 1975, a Biblioteca Nacional de Paris descobriu pergaminhos conhecidos como Os Dossiers Secretos, que identificavam inúmeros membros do Priorado de Sião, inclusive Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Leonardo da Vinci”. Compare-se essa afirmação com os fatos estabelecidos a partir de fontes históricas e aqui relatados e logo se perceberá a má fé de Brown.
A mesma coisa se deduz do estudo da história de Jerusalém e das cruzadas. O nosso autor afirma que teriam sido os Templários os iniciadores do tal de “Priorado”, a fim de proteger os restos mortais de Maria Madalena, junto com uma ingente quantidade de documentos primitivos relativos a ela e à sua descendência. Tais objetos sagrados teriam sido escondidos “no templo de Salomão” encontrados pelos cavaleiros, que lá se teriam estabelecido após a conquista de Jerusalém pelos cruzados. Confesso que, quando apareceram “os Templários” no meio da trama romanesca, tive a tentação de jogar O Código Da Vinci no lixo, porque os famosos cavaleiros, nas mãos de escritores inescrupulosos, se transformaram num mito recorrente na literatura esotérica e anti-católica. Mas vamos aos fatos.
Os cristãos foram considerados, inicialmente, pelas autoridades do Templo (construído não por Salomão, mas por Herodes o Grande), como hereges e perturbadores da ordem. Por isso, decretaram contra eles o herem, ou excomunhão. No ano 40, Herodes Antipas desencadeou perseguição aos cristãos, mandando matar o Apóstolo Tiago, o filho do Zebedeu. No meio de tão adversas circunstâncias, como seria possível enterrar Maria Madalena, membro destacado de um seita condenada, nesse Templo? Pior ainda, se levarmos em conta que as mulheres estavam proibidas de aceder aos seus recintos internos, reservados para homens israelitas. Elas não podiam passar do “átrio das mulheres”. Continuemos. No ano 70, após uma sangrenta rebelião dos judeus, os romanos conquistaram Jerusalém e destruíram o Templo. Será que os restos mortais da Madalena e a pilha de documentos que a ela se refeririam se salvaram milagrosamente da destruição? Acrescente-se a essas dificuldades o fato de que, sobre as ruínas do Templo, os conquistadores romanos edificaram um outro, dedicado a Júpiter Capitolino, pois a cidade passou a se chamar Aelia Capitolina. Em 635, os árabes, convertidos ao islamismo, conquistaram Jerusalém. Demolido o templo pagão e as igrejas cristãs que o sucederam, os novos senhores construíram duas mesquitas, ainda existentes na atualidade: a de Omar ou da Cúpula Dourada, terminada em 691, e de Al Aqsa. Quando, em 1099, os cruzados entraram triunfalmente em Jerusalém, não derrubaram as mesquitas, mas as transformaram em igrejas. Os Templários, porém, foram estabelecidos apenas em 1118. Impossível, portanto, que tenham fundado o Priorado no mesmo ano da conquista, pois somente dezenove anos mais tarde é que passaram a existir. Ainda mais, o seu quartel nunca esteve no recinto do Templo, mas num terreno diferente, embora vizinho a ele. Como poderiam ter realizado escavações secretas em lugares que não estavam sob a sua custódia? Em 1187, Saladino reconquistou Jerusalém para os árabes. Em 1312, o Papa Clemente V, sob pressão do Rei Filipe o Belo, da França, decretou a extinção dos Templários. Contra o que Brown afirma, não houve nenhuma execução deles em Roma, pelo simples fato de que Clemente, que, no momento da eleição, era Arcebispo de Bordeus, ficou, durante todo o seu pontificado, em Avignon, no Sul da França.
VIII. O “código” definitivo?
O “código” definitivo para a interpretação da obra em questão nos é fornecido pelo próprio autor. Comparemos dois trechos do romance. No início do cap. 1º, encontramos o seguinte texto: “Robert Langdon acordou devagar..- Onde é que eu estou, afinal? O roupão de jacquard pendurado na coluna da cama tinha o monograma: HOTEL RITZ PARIS”.
Parece um pormenor sem importância. Não é. No epílogo, após inúmeras peripécias, deparamo-nos com quase as mesmas palavras: “Robert Langdon despertou sobressaltado. Tivera um sonho. No roupão de banho ao lado de sua cama estava bordado omonograma HOTEL RITZ PARIS. Viu uma luz mortiça filtrando-se através das venezianas. - - Será o anoitecer ou amanhecer?, perguntou-se”. O que será que o autor nos está querendo dizer com esses parágrafos quase idênticos? Algo muito simples: que tudo não passou de um sonho, o sonho de alguém que, como Dan Brown é movido pelo ódio à Igreja Católica e sonha com a sua destruição.

terça-feira, 25 de março de 2008

PENTECOSTES DAS NAÇÕES


Vinde Espírito Santo! Este é o Clamor que o Escritório Internacional da Renovação Carismática Católica coloca em nossos lábios. Clamamos um novo Pentecostes sobre toda a face da Terra; queremos promover a cultura de Pentecostes, conforme o desejo dos santos padres João Paulo II e Bento XVI.

Neste intuito, a RCC do mundo todo estará unida nos dias 02 a 10 de maio deste ano de 2008 para invocar a presença e a ação do Espírito Santo no mundo, como sinal e fruto dos quarenta anos da Renovação na Igreja.

serão eventos simultâneos que acontecerão em todas as instâncias de organização do movimento e que atingirá profundamente os grupos de oração (vigílias, encontros, reflexões e a NOVENA LITÚRGICA DE PENTECOSTES - Única novena oficial da Igreja).

No dia 11 de maio, Dia de Pentecostes, teremos um encontro a nível mundial com transmissões simultâneas via-satélite de várias partes do mundo.

No Brasil, viveremos este tempo forte de preparação a Pentecostes, celebrando a NOVENA DE PENTECOSTES nas casas, nas ruas, nos grupos de oração, nas paróquias, nas comunidades.

É necessário a mobilização de todos para juntos CELEBRARMOS O PENTECOSTES DAS NAÇÕES.

A partir desta semana, estaremos rezando a Novena de Pentecostes aqui no Blog. Divulgue esta idéia.