segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

É TEMPO DE PROCURAR O SENHOR


Para caminhar com Deus não basta ter boas intenções, bons projetos, é necessário ir além dos próprios limites e fazer a vontade do Senhor; em outras palavras, se faz necessário seguir o Senhor de todo o coração, a partir de uma experiência de encontro pessoal com ele. Sem encontrar-se com Deus, não é possível fazer uma caminhada de discipulado e missão. É exatamente isto o que a Igreja está nos dizendo nos últimos tempos.
O Espírito Santo está sendo derramado sobre a Igreja para que ela consiga equilibrar-se em meio aos vendavais e tempestades que tem enfrentado pelas configurações anti-cristãs do presente século. Este é o Espírito que nos convoca a testemunhar Jesus a partir de uma experiência de encontro pessoal com ele. Ressoa no meio de nós as palavras dos anjos àquelas mulheres que foram até o sepulcro de Jesus: “Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui. Ressuscitou!”(Lc. 24,5-6 a). Só encontrará o Senhor aquele que O procurar. Mas, não basta dizer que está procurando, se faz necessário, em primeiro lugar, procurar o Jesus Vivo. Muitos estão nas Igrejas apenas por causa dos milagres, das curas, ou do desejo de encontrar soluções para os seus problemas porém, se esquecem de abrir o coração para o doador das graças e das bênçãos, o Shalom do Pai para nós, Jesus Cristo, Senhor Nosso.
Existe um trecho da Palavra de Deus que nos ensina claramente o que é esse encontro pessoal com Deus e o que devemos fazer para que isso ocorra conosco. Está em Jeremias 29,13-14a: “Quando me procurardes, vós me encontrareis, quando me seguirdes de todo coração, eu me deixarei encontrar por vós.”
Muitas pessoas são desejosas de servir a Deus, de engajar-se nos movimentos e pastorais, enfim, de fazer algo pelo Reino mas, esquecem de fazer o caminho certo e, conseqüentemente, não conseguem perseguir a vontade de Deus por lhes faltar o essencial: ter experimentado na própria vida a presença e a ação amorosa de Cristo que, enviado pelo Pai, derrama sobre cada um de nós do seu Espírito Santo quer, pelos sacramentos do Batismo ou do Crisma, quer por todos os outros meios da graça.
Quando percebemos que Deus nos ama, que está conosco a cada momento e que nos resgata de nossas tribulações e dificuldades, fica-nos fácil doarmos a nossa vida para que o Evangelho se torne realidade no meio da humanidade. Quando queremos fazer a vontade de Deus, mas não temos a consciência de que é preciso encontrá-lo, iremos permanecer na mesquinhez, no superficial e não deixaremos a graça penetrar em nós, de maneira a fecundar de amor e vida a nossa existência. Então, falaremos de Deus, trabalharemos para Ele no entanto, não teremos contato pessoal com sua graça e com seu poder e Deus será sempre um grande desconhecido enquanto que nós iremos nos cansando e nos ferindo ao longo de toda a caminhada. É exatamente essa experiência de encontro com Cristo que está faltando em muitas pessoas envolvidas nos diversos segmentos da Igreja. Elas estão firmes no trabalho, porém, não conseguem estabelecer um contato pessoal, íntimo e frutífero com o Senhor, através de Jesus Cristo.
A Bíblia nos ensina que todo aquele que procurar o Senhor haverá de encontrá-lo. A nossa parte é procurar. O estar na Igreja, nos grupos de oração, nas pastorais, nos encontros, fazendo a oração pessoal, rezando o terço, lendo a Bíblia deve ser, para nós, momentos privilegiados de correr ao encontro da Trindade certos de que Ele – o Deus eterno e fiel - se deixa encontrar por todos aqueles que o buscam de coração.
Não fazemos as coisas para Deus no desejo de retribuição por parte dele. As nossas atitudes devem provir do desejo de vê-lo e adorá-lo. Os reis magos nos ensinam esta verdade. "Perguntaram eles: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo". (Mt 2,2). Todas as nossas forças, expectativas e atitudes devem estar centradas nesse único e célebre desejo: encontrar Jesus e adorá-lo. Mas, este encontro não é linear. Ele é permanentemente cíclico. Não há um momento de encontro no passado e ponto final. Deve haver em nossos corações a pré-disposição de, permanentemente, estar à procura do Mestre e achando-O, permanecer contemplando a sua face, já que Ele se deixa encontrar por todos os que O buscam. Em nenhum momento da nossa vida temos condições de dizer “eu já encontrei o Senhor e não preciso continuar a procurá-lo”. O maior santo é o homem e a mulher que busca constantemente a face de Deus. "Recorrei ao Senhor e ao seu poder, procurai continuamente sua face". (Sl 104,4).
Existe, no trecho que estamos meditando, uma outra verdade que é colocada em evidência. “Quando me procurardes, vós me encontrareis, quando me seguirdes de todo coração, eu me deixarei encontrar por vós.” Quando o Senhor promete deixar-se encontrar por aqueles que o procurarem de todo o coração, Ele deixa entrever uma outra verdade espiritual: procurar a Deus continuamente é o mesmo que segui-lo constantemente; seguir a Deus de todo o coração é o mesmo que procurá-lo. Deus se deixa encontrar por aquele que O busca e buscá-lo significa segui-lo. A vida cristã deve se tornar uma contínua oportunidade para contemplar e adorar a Deus. À medida em que vou trabalhando para o Senhor, orando, participando da Eucaristia, me doando aos irmãos eu estarei procurando e encontrando a Deus. Os dois momentos – de procurar e de encontrar – são interligados. Eu O encontro quando O Sigo e O sigo quando O procuro. É no momento do serviço que a gente procura e o encontro se dá durante esse serviço. Se aquilo que faço para Jesus não está me ajudando a perceber a sua presença e a adorá-lo, devo rever as minhas atitudes para não correr o risco de caminhar tanto e, ao chegar no último dia, ser deixado de fora da festa por não conseguir reconhecer a face do Bom Deus.
Que o Espírito nos faça desejar ver a face de Deus e abrir o coração para que Cristo possa entrar.

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