sábado, 24 de outubro de 2009


UMA FÉ QUE PENSA,


UMA CIÊNCIA QUE CRÊ






I - O CONHECIMENTO DE DEUS


O homem que procura Deus descobre certas "vias" para aceder ao conhecimento de Deus: o mundo; a pessoa humana (C.I.C. 31-35)


  • A Sagrada Escritura ensina a possibilidade de chegar a Deus pela natureza: Rm 1,18-20;

  • Santo Tomás de Aquino e as Vias do Conhecimento de Deus:


    1ª VIA : No mundo existem múltiplos movimentos e mudanças. Deus é o movente não movido.


    2ª VIA: Existem múltiplas causas neste mundo, concatenadas entre si numa linha de dependência e subordinação. Deus é a primeira causa causante e não causada. A causa absoluta.


    3ª VIA: Deus não recebeu o ser (existência), Ele é o ser (existência). Todos os demais receberam o ser (existência). Ou Deus, o Ser Absoluto, Necessário, não contingente, existe e é a razão suficiente de todos os demais seres, que são contingentes..., ou nada existe.


    4ª VIA: No mundo existem perfeições transcendentes (a verdade, a bondade, o amor, a justiça...) em diversos graus. Elas supõem a existência de um ser no qual tais perfeições existem sem limites. No mundo existem seres mais ou menos bons. Só posso falar de "mais" e "menos" se existe o Absoluto ou o Ilimitado. Este é o próprio Deus.


    5ª VIA: Existe em seres que não têm inteligência, uma ordem elevada, obtida com elementos cuja natureza é indiferente a esta ou aquela combinação. Ora tal ordem exige uma inteligência que tenha concebido tais elementos e os tenha combinado entre si. Tal inteligência suprema é Deus. As ciências naturais hoje, reconhecem a harmonia do universo e parecem descobrir cada vez mais os vestígios de Deus Criador e Conservador de todos os seres naturais.






II – A FÉ







  • A fé. O Professor Felipe Aquino, no livro "Ciência e Fé em harmonia", ensina algumas verdades sobre a fé.

  1. A Fé não é um sentimento cego nem um ato de confiança afetiva em Deus, mas sim uma atitude da inteligência, que, movida pela vontade livre, diz sim a Deus que se revela. (C.I.C. 180)Não se pode crer em qualquer crença... só se pode crer em algo que a inteligência examinou e aprovou. Tomás de Aquino diz que " O homem não acreditaria se não visse que deve crer."

  2. O ato de fé supõe reflexão e decisão consciente e responsável.
  3. A fé é uma graça de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele. (C.I.C. 179) Tomás de Aquino diz que " crer é um ato da inteligência que assente à verdade divina a mando da vontade movida por Deus através da Graça".
  4. A fé se expressa em fórmulas.

  5. A fé é uma realidade mais certa que qualquer conhecimento humano, porque se funda na própria Palavra de Deus que não pode mentir.

  6. Sério obstáculo à fé é o racionalismo.

  • Padre Afonso Rodrigues (Psicologia da Graça): o dever-ser é a razão formal de cada ser... .Todo ser se especifica pelo seu objeto... . "O Bem transcende a essência para a qual ele tende". (Platão. República 509b)... Temos então a finalidade divina da essência humana... A atitude mais profunda do nosso ser é a aceitação do criador e a própria entrega a Ele.


III – MEDICINA E RELIGIÃO



Dr. Roque Savioli, Diretor do Incor de São Paulo, nos livros "Milagres que a medicina não contou" e outros apresenta os seguintes dados:


  1. A partir do Século IV, organizações religiosas ligadas à Igreja Católica foram pioneiras na construção dos primeiros hospitais do ocidente com o objetivo de atender à população carente que necessitava de cuidados médicos. Os médicos eram formados nos mosteiros.

  2. A partir da metade do século XIX, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, a grande evolução do pensamento humano e o advento da medicina científica, separaram totalmente a medicina da religião.

  3. No Século XX, Freud admitia que a religião poderia causar doença psicológica, a chamada "neurose obsessiva universal", descrevendo as experiências místicas como "regressão ao narcisismo primário". Jung, seguidor de Freud, contestava seu mestre ao admitir que a busca de um bem estar espiritual era fator preponderante para a manutenção da saúde mental.

  4. Nos últimos anos do século passado vários centros mundiais de pesquisas médicas começaram a mostrar interesse em analisar os efeitos da espiritualidade e da religiosidade sobre a evolução das doenças, iniciando-se um movimento de reaproximação da medicina e da religião. As pesquisas realizadas constataram que a Religião influencia na saúde das pessoas.

  5. Existe em nosso cérebro o chamado "centro da fé", que responde aos estímulos espirituais. Este, ao ser estimulado por um momento de oração, pode ocasionar resposta dos centros de imunidade orgânica.


    1. Mortalidade: Estudo de 28 anos, com 5286 adultos com idades entre 21-61 anos, mostrou que nos praticantes de religião, havia 23% a menos de mortalidade do nos não praticantes. (Strawbridge, W.J. Am. J. Publich Health, 87: 957,997) – Meta-análise de 42 estudos, com mais de 126.000 casos revelou que os religiosos tem 29% de possibilidade de viver mais tempo do que os não religiosos.

    2. Hipertensão Arterial: Ao estudar 3963 pessoas, notou-se que aqueles que praticavam religião (ir à missa mais de uma vez por semana) tinha menor incidência de hipertensão arterial. (Int. J. Psychiatry Med, 24:122,1998)

    3. Doenças Cardiovasculares: Estudo prospectivo de 23 anos de 10.059 casos, revelou que judeus ortodoxos tem risco coronário 20% menor do que os não religiosos. (Cardiology, 82: 100,1993)

    4. Depressão: Comprovou-se que o envolvimento religioso é fator de prevenção contra a depressão em adultos com câncer. (Musik, MA; Koening, H.G.; Hays, J.C.: Cohen, H. J-J Gerontol., 53, 1998)





IV – A CIÊNCIA E A FÉ







  • O Papa João Paulo II começou a Encíclica "Fé e Razão" dizendo que: "A Fé e a Razão são as duas asas com as quais o espírito humano alça vôo para contemplar a verdade."(1)

  • O grande cientista francês Louis Pasteur, da Sorbone, cristão convicto, dizia que "a pouca ciência afasta de Deus, mas a muita ciência aproxima de Deus."

  • Entre a fé e a razão não há oposição ou obstáculos. Os obstáculos estão nas pessoas.

  • Mais do que ninguém, o cientista deveria ser também um homem de fé, pela simples razão de que o pesquisador é aquele que mais de perto pode "tocar" a face de Deus, oculta, mas presente, nas maravilhas da natureza, que Ele criou sem precisar de nada.

  • No século XIX, no auge do racionalismo que rejeitava o espiritual, era comum dizer que a ciência e a fé não combinavam entre si. Hoje, a própria ciência insinua a existência de uma Inteligência Superior, responsável pela ordem do universo; e o estudo da origem e do desenvolvimento da matéria tem levado o homem a reconhecer um Ser Supremo.

  • Voltaire foi levado a dizer: "O mundo me perturba e não posso imaginar que este relógio funcione e não tenha tido relojoeiro.".

  • Os materialistas querem substituir Deus pelo acaso, como se este fosse "inteligente" e capaz de programar e executar algo, mas hoje não se crê mais nisso. O acaso é cego e não pode criar e ordenar nada. Como dizia Einstein, "Deus não joga dados'.

  • Não há oposição entre a ciência e a fé, pelo simples fato de que ambasa são obras do mesmo Deus. A ciência é o nutriente da inteligência, enquanto a fé é o alimento da alma. Onde termina o limite estreito de alcance da ciência, começa o horizonte infinito da fé. Ambas se completam.

  • A fé, no seu sentido próprio e pleno, supõe credenciais racionais que indicam ao fiel que ele pode crer; que tal artigo de fé não é absurdo, ilógico ou irracional. O ato de crer é um ato da inteligência, que sabe por que crê; porque examinou os assuntos e a autoridade das proposições da fé e de quem as propõe.

  • É preciso evitar tanto o racionalismo quanto o fideísmo. Santo Agostinho diz: "Presta atenção no que vês e procura quem não vês. Crê naquele que não vês, por causa das realidades que vês."





4.1 A CIÊNCIA E A FÉ SE AUXILIAM MUTUAMENTE







  • A fé precisa da luz da ciência para não se tornar cega (fideísmo) e não se tornar fanática, fundamentalista e perigosa.

  • A Ciência precisa da fé para não cair no racionalismo e não colocar as suas descobertas a serviço do mal.

  • A Doutrina Moral da Igreja Católica nos ensina que "nem tudo o que é tecnicamente possível é moralmente aceitável."

  • Relações da Igreja Católica com a Ciência:


  1. A Igreja fundou a primeira Universidade do mundo, a de Bolonha, na Itália, por volta do ano mil.

  2. O Vaticano possui cinco Academias: Ciências; Ciências Sociais; Vida; Cultorum Martyrum; Eclesiástica.
  3. É à luz das ciências que a Igreja caminha para compreender melhor a "revelação" do sobrenatural, sem dispensar, é claro, a graça de Deus.

  4. A Igreja é muito cautelosa ao falar de milagres. Ela tem consciência de quem muitos fenômenos maravilhosos são explicáveis pelas ciências (critérios: fato histórico; inexplicável pela ciência; acontecido em contexto digno de Deus).

  5. Porque a Igreja sempre preservou a Ciência, e sempre viu nela um grande dom de Deus para o homem, que toda a civilização ocidental foi preservada quando da destruição do império romano pelos bárbaros.

  6. Foram os monges e religiosos que guardaram e reproduziram nos seus mosteiros os clássicos da literatura greco-romana

  7. Na Idade Média, ao lado de cada Igreja havia um hospital e uma escola. Isto levou o povo a dizer "é bom viver à sombra do báculo", isto é, sob a proteção da Igreja.





4.2 A CIÊNCIA PRECISA DA FÉ







  • A ciência não pode caminhar sem a fé. É esta que lhe confere os critérios éticos e morais para a sua conduta e para a aplicação dos seus conhecimentos para o bem do homem, e não, contra ele. O homem deve vir antes da Ciência.


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