segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

FIM DE ANO: TEMPO DE DESINSTALAR-SE


Em seu poema “receita de fim de ano”, Carlos Drummond de Andrade nos diz o seguinte: “Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil mas tente, experimente, consciente.
É incrível como temos a capacidade de ficar parados, esperando que a vida aconteça e todas as coisas que sonhamos, caiam do céu, como num passe de mágica.
Não precisamos ir muito longe para encontrar pessoas que estão desanimadas enquanto caminham pela vida justamente por sentirem que seus desejos e esperanças foram frustrados. Vivem como se não existissem, perderam a capacidade de sonhar e, portanto, perambulam pela existência à espera de um “novo” que nunca virá, que nunca irá acontecer.
Existe muita gente ferida que não encontra mais a razão de ser e de existir, de confraternizar-se, de sorrir. Para elas nada faz sentido e servir a Deus se tornou um tédio. Preferem trancar-se em seus aposentos interiores a estar em comunhão com aqueles que estão ao seu redor e que as amam.
Quantos irmãos conhecemos que estão vivendo assim, que passarão o 31 de dezembro deitados, fingindo estar dormindo, enquanto que poderiam estar celebrando a Deus com os amigos e familiares. Isso não é depressão e sim, prostração.
Deus nos chama a nos desinstalar, a sair de nós mesmos, a darmos passos largos rumo à felicidade que é a sua plena vontade e o único meio de sermos santos.
Se procurarmos meditar sobre este tema a partir da Palavra de Deus, encontraremos diversas passagens que nos chamam ao caminho, a sair do comodismo, a enfrentar os riscos e buscar perseguir os sonhos.
Quando não fazemos aquilo que precisa ser feito, acabamos por fazer uma série de coisas que desagradam a Deus. Liberdade não é a capacidade de fazer o que se quer e sim, aquilo que Deus quer, pois, a plena vontade do Senhor é o único meio que pode nos fazer felizes. O problema é que não buscamos conhecer essa vontade e achamos que o Senhor está nos privando da felicidade.
Deus não nos priva da felicidade. O nosso medo é quem faz isso. Quando a Palavra nos chama a buscar as coisas do alto "Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus". (Cl 3,1) ela está nos interpelando a sair da “mesmice” em que nos encontramos e dar passos largos em direção à felicidade. Em outras palavras, se você tem um sonho, deve persegui-lo; deve lutar por ele; deve correr ao seu encontro. Buscar as coisas do alto é muito mais do que oração ou santidade é ir ao encontro da própria felicidade e realização pessoal. É desinstalar-se.
A primeira página da Bíblia nos chama a sair de nós mesmos. Adão foi expulso do Paraíso, teve que sair do seu “mundinho” e começar uma vida nova; Abraão o nosso pai na fé, saiu da sua terra para ir à Terra Prometida; Moisés, criado na Corte do Faraó, fugiu do Egito e, depois de estar casado e instalado em um novo lugar tem que voltar ao Egito, libertar o povo e acaba morrendo no deserto; a Arca da Aliança não tinha um lugar fixo para repousar e até mesmo o Templo foi destruído várias vezes; por fim, encontramos a Sagrada Família. Maria e José, para cumprir a vontade de Deus, vivem caminhando: vão para Belém, de Belém para o Egito, do Egito para Nazaré.
Todos esses exemplos bíblicos nos ensinam uma coisa: aquele que quer servir a Deus não pode ficar preso em um “mundinho”, em uma realidade. Precisa ser ousado e ir além, se desinstalar, se colocar à caminho.
Jesus e os seus seguidores de ontem e de hoje são caminheiros. Nunca estão parados. Portanto, quem é cristão não pode se apegar a nada, pois, é livre para testemunhar o Senhor.
"Aliás, não temos aqui cidade permanente, mas vamos em busca da futura". (Hb 13,14)
O Grande Servo de Deus, João Paulo II é o modelo que podemos seguir nos últimos tempos. Mesmo enfermo, nunca se acovardou, mas viajou o mundo inteiro levando sua mensagem de esperança e paz.
A felicidade é uma conquista que se renova a cada vez que nos dispomos a transmitir o Shalom do Pai, sem estarmos presos a nenhuma realidade, mas sempre caminhando, dando a vida, amando e servindo aos irmãos. Esta é a receita de um feliz ano novo.

Shalom para todos!!!

FIM DE ANO: TEMPO DE DESINSTALAR-SE

Em seu poema “receita de fim de ano”, Carlos Drummond de Andrade nos diz o seguinte: “Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil mas tente, experimente, consciente.
É incrível como temos a capacidade de ficar parados, esperando que a vida aconteça e todas as coisas que sonhamos, caiam do céu, como num passe de mágica.
Não precisamos ir muito longe para encontrar pessoas que estão desanimadas enquanto caminham pela vida justamente por sentirem que seus desejos e esperanças foram frustrados. Vivem como se não existissem, perderam a capacidade de sonhar e, portanto, perambulam pela existência à espera de um “novo” que nunca virá, que nunca irá acontecer.
Existe muita gente ferida que não encontra mais a razão de ser e de existir, de confraternizar-se, de sorrir. Para elas nada faz sentido e servir a Deus se tornou um tédio. Preferem trancar-se em seus aposentos interiores a estar em comunhão com aqueles que estão ao seu redor e que as amam.
Quantos irmãos conhecemos que estão vivendo assim, que passarão o 31 de dezembro deitados, fingindo estar dormindo, enquanto que poderiam estar celebrando a Deus com os amigos e familiares. Isso não é depressão e sim, prostração.
Deus nos chama a nos desinstalar, a sair de nós mesmos, a darmos passos largos rumo à felicidade que é a sua plena vontade e o único meio de sermos santos.
Se procurarmos meditar sobre este tema a partir da Palavra de Deus, encontraremos diversas passagens que nos chamam ao caminho, a sair do comodismo, a enfrentar os riscos e buscar perseguir os sonhos.
Quando não fazemos aquilo que precisa ser feito, acabamos por fazer uma série de coisas que desagradam a Deus. Liberdade não é a capacidade de fazer o que se quer e sim, aquilo que Deus quer, pois, a plena vontade do Senhor é o único meio que pode nos fazer felizes. O problema é que não buscamos conhecer essa vontade e achamos que o Senhor está nos privando da felicidade.
Deus não nos priva da felicidade. O nosso medo é quem faz isso. Quando a Palavra nos chama a buscar as coisas do alto "Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus". (Cl 3,1) ela está nos interpelando a sair da “mesmice” em que nos encontramos e dar passos largos em direção à felicidade. Em outras palavras, se você tem um sonho, deve persegui-lo; deve lutar por ele; deve correr ao seu encontro. Buscar as coisas do alto é muito mais do que oração ou santidade é ir ao encontro da própria felicidade e realização pessoal. É desinstalar-se.
A primeira página da Bíblia nos chama a sair de nós mesmos. Adão foi expulso do Paraíso, teve que sair do seu “mundinho” e começar uma vida nova; Abraão o nosso pai na fé, saiu da sua terra para ir à Terra Prometida; Moisés, criado na Corte do Faraó, fugiu do Egito e, depois de estar casado e instalado em um novo lugar tem que voltar ao Egito, libertar o povo e acaba morrendo no deserto; a Arca da Aliança não tinha um lugar fixo para repousar e até mesmo o Templo foi destruído várias vezes; por fim, encontramos a Sagrada Família. Maria e José, para cumprir a vontade de Deus, vivem caminhando: vão para Belém, de Belém para o Egito, do Egito para Nazaré.
Todos esses exemplos bíblicos nos ensinam uma coisa: aquele que quer servir a Deus não pode ficar preso em um “mundinho”, em uma realidade. Precisa ser ousado e ir além, se desinstalar, se colocar à caminho.
Jesus e os seus seguidores de ontem e de hoje são caminheiros. Nunca estão parados. Portanto, quem é cristão não pode se apegar a nada, pois, é livre para testemunhar o Senhor.
"Aliás, não temos aqui cidade permanente, mas vamos em busca da futura". (Hb 13,14)
O Grande Servo de Deus, João Paulo II é o modelo que podemos seguir nos últimos tempos. Mesmo enfermo, nunca se acovardou, mas viajou o mundo inteiro levando sua mensagem de esperança e paz.
A felicidade é uma conquista que se renova a cada vez que nos dispomos a transmitir o Shalom do Pai, sem estarmos presos a nenhuma realidade, mas sempre caminhando, dando a vida, amando e servindo aos irmãos. Esta é a receita de um feliz ano novo.

Shalom para todos!!!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

É TEMPO DE PROCURAR O SENHOR


Para caminhar com Deus não basta ter boas intenções, bons projetos, é necessário ir além dos próprios limites e fazer a vontade do Senhor; em outras palavras, se faz necessário seguir o Senhor de todo o coração, a partir de uma experiência de encontro pessoal com ele. Sem encontrar-se com Deus, não é possível fazer uma caminhada de discipulado e missão. É exatamente isto o que a Igreja está nos dizendo nos últimos tempos.
O Espírito Santo está sendo derramado sobre a Igreja para que ela consiga equilibrar-se em meio aos vendavais e tempestades que tem enfrentado pelas configurações anti-cristãs do presente século. Este é o Espírito que nos convoca a testemunhar Jesus a partir de uma experiência de encontro pessoal com ele. Ressoa no meio de nós as palavras dos anjos àquelas mulheres que foram até o sepulcro de Jesus: “Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui. Ressuscitou!”(Lc. 24,5-6 a). Só encontrará o Senhor aquele que O procurar. Mas, não basta dizer que está procurando, se faz necessário, em primeiro lugar, procurar o Jesus Vivo. Muitos estão nas Igrejas apenas por causa dos milagres, das curas, ou do desejo de encontrar soluções para os seus problemas porém, se esquecem de abrir o coração para o doador das graças e das bênçãos, o Shalom do Pai para nós, Jesus Cristo, Senhor Nosso.
Existe um trecho da Palavra de Deus que nos ensina claramente o que é esse encontro pessoal com Deus e o que devemos fazer para que isso ocorra conosco. Está em Jeremias 29,13-14a: “Quando me procurardes, vós me encontrareis, quando me seguirdes de todo coração, eu me deixarei encontrar por vós.”
Muitas pessoas são desejosas de servir a Deus, de engajar-se nos movimentos e pastorais, enfim, de fazer algo pelo Reino mas, esquecem de fazer o caminho certo e, conseqüentemente, não conseguem perseguir a vontade de Deus por lhes faltar o essencial: ter experimentado na própria vida a presença e a ação amorosa de Cristo que, enviado pelo Pai, derrama sobre cada um de nós do seu Espírito Santo quer, pelos sacramentos do Batismo ou do Crisma, quer por todos os outros meios da graça.
Quando percebemos que Deus nos ama, que está conosco a cada momento e que nos resgata de nossas tribulações e dificuldades, fica-nos fácil doarmos a nossa vida para que o Evangelho se torne realidade no meio da humanidade. Quando queremos fazer a vontade de Deus, mas não temos a consciência de que é preciso encontrá-lo, iremos permanecer na mesquinhez, no superficial e não deixaremos a graça penetrar em nós, de maneira a fecundar de amor e vida a nossa existência. Então, falaremos de Deus, trabalharemos para Ele no entanto, não teremos contato pessoal com sua graça e com seu poder e Deus será sempre um grande desconhecido enquanto que nós iremos nos cansando e nos ferindo ao longo de toda a caminhada. É exatamente essa experiência de encontro com Cristo que está faltando em muitas pessoas envolvidas nos diversos segmentos da Igreja. Elas estão firmes no trabalho, porém, não conseguem estabelecer um contato pessoal, íntimo e frutífero com o Senhor, através de Jesus Cristo.
A Bíblia nos ensina que todo aquele que procurar o Senhor haverá de encontrá-lo. A nossa parte é procurar. O estar na Igreja, nos grupos de oração, nas pastorais, nos encontros, fazendo a oração pessoal, rezando o terço, lendo a Bíblia deve ser, para nós, momentos privilegiados de correr ao encontro da Trindade certos de que Ele – o Deus eterno e fiel - se deixa encontrar por todos aqueles que o buscam de coração.
Não fazemos as coisas para Deus no desejo de retribuição por parte dele. As nossas atitudes devem provir do desejo de vê-lo e adorá-lo. Os reis magos nos ensinam esta verdade. "Perguntaram eles: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo". (Mt 2,2). Todas as nossas forças, expectativas e atitudes devem estar centradas nesse único e célebre desejo: encontrar Jesus e adorá-lo. Mas, este encontro não é linear. Ele é permanentemente cíclico. Não há um momento de encontro no passado e ponto final. Deve haver em nossos corações a pré-disposição de, permanentemente, estar à procura do Mestre e achando-O, permanecer contemplando a sua face, já que Ele se deixa encontrar por todos os que O buscam. Em nenhum momento da nossa vida temos condições de dizer “eu já encontrei o Senhor e não preciso continuar a procurá-lo”. O maior santo é o homem e a mulher que busca constantemente a face de Deus. "Recorrei ao Senhor e ao seu poder, procurai continuamente sua face". (Sl 104,4).
Existe, no trecho que estamos meditando, uma outra verdade que é colocada em evidência. “Quando me procurardes, vós me encontrareis, quando me seguirdes de todo coração, eu me deixarei encontrar por vós.” Quando o Senhor promete deixar-se encontrar por aqueles que o procurarem de todo o coração, Ele deixa entrever uma outra verdade espiritual: procurar a Deus continuamente é o mesmo que segui-lo constantemente; seguir a Deus de todo o coração é o mesmo que procurá-lo. Deus se deixa encontrar por aquele que O busca e buscá-lo significa segui-lo. A vida cristã deve se tornar uma contínua oportunidade para contemplar e adorar a Deus. À medida em que vou trabalhando para o Senhor, orando, participando da Eucaristia, me doando aos irmãos eu estarei procurando e encontrando a Deus. Os dois momentos – de procurar e de encontrar – são interligados. Eu O encontro quando O Sigo e O sigo quando O procuro. É no momento do serviço que a gente procura e o encontro se dá durante esse serviço. Se aquilo que faço para Jesus não está me ajudando a perceber a sua presença e a adorá-lo, devo rever as minhas atitudes para não correr o risco de caminhar tanto e, ao chegar no último dia, ser deixado de fora da festa por não conseguir reconhecer a face do Bom Deus.
Que o Espírito nos faça desejar ver a face de Deus e abrir o coração para que Cristo possa entrar.